Reciclar a reciclagem

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Na edição anterior, este jornal colocava em destaque os containers de recebimento de materiais recicláveis que a concessionária Inova espalhou pela região da Sub Lapa (84 no total). A iniciativa tem seu lado ambientalmente correto que é justamente dar à população novas alternativas para o descarte de papelão, latas, entre outros materiais. No entanto, se mergulharmos em profundidade na questão da coleta seletiva veremos que o sistema de responsabilidade da Prefeitura é extremamente frágil e mal articulado.

Um dos grandes nós que o poder público não consegue desatar se materializa no precário funcionamento das centrais de triagem (cooperativas de trabalhadores). Na região da Sub Lapa existem duas grandes estruturas desse tipo, sendo uma na Rua Frobem e outra na área da ex-usina de compostagem, também na Leopoldina. Um arremedo de central ainda persiste nos baixos do Viaduto Mofarrej. Os três equipamentos estão localizados na Vila Leopoldina e quem se propuser a conhecê-los de perto se deparará com um cenário desanimador onde nada funciona a contento. Armazenamento, limpeza, manipulação, entre outros itens, deixam muitíssimo a desejar. Procedimentos de logística estão longe de serem pontos norteadores de um trabalho coletivo. Segurança e saúde no ambiente de trabalho são aspectos que passam batido. Basta lembrar que as atividades na ex-usina ocorrem em terreno contaminado.

No interior dessas estruturas fragilizadas, os cooperados, via de regra, têm uma cultura de trabalho que em nada colabora com o meio ambiente. Nem todo material em reciclável é aproveitado, pois os trabalhadores, antenados no  mercado, dão preferência ao recebimento de materiais que, naquele momento, tem valor maior.

Esse movimento é sazonal. Se num dado período, reciclar lata é mais vantajoso (monetariamente) do que a reciclagem do pet, a cooperativa privilegia o descarte de alumínio e devolve para concessionária (no caso da Sub Lapa, a Loga Ambiental) as embalagens plásticas e outros materiais. O destino desse refugo é o aterro sanitário. Ou seja, aquilo que deveria ser uma coleta ambientalmente correta se desintegra e cai na vala comum do descarte orgânico. O gestor público municipal (leia-se Limpurb) tem pleno conhecimento desse quadro, mas nada faz para mudá-lo. Profissionalizar as centrais pode ser um ponto de partida. Em tempo de eleição para prefeito, eis aí algo que merece profunda reflexão.

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