No livro “Utopia” de Thomas Morus e em todos os outros textos similares que foram seus contemporâneos na Renascença – como a “Cidade do Sol”, de Campanella – e nas histórias que a precederam ou sucederam sempre há uma muralha cercando a cidade ideal por fora e rígidas normas para garantir a preservação dos ensinamentos do fundador nos seu interior. Assim, as melhores cidades que puderam ser pensadas por esses grandes sábios são confinadas dentro de limites rígidos.A ousadia do Plano de Bairro do distrito de Perus (deslocada agora para o Plano de Bairro da Vila Leopoldina) foi tentar a construção de um bairro que não é o ideal de cidade perfeita, mas sim a cidade possível, na qual se lançam os alicerces para que a cada dia ela possa se tornar melhor, mais saudável e mais justa para os que habitam nela. Mas se não é cidade ideal, ela não tem, em compensação, muralhas e códigos draconianos delimitando qual será o seu espaço e a vida de seus cidadãos. É a cidade construída passo a passo, edificada com a argila retirada dos pântanos das dúvidas e desconfiança, tornada sólida depois de amassada por mil mãos e pés em muitas assembléias, nas quais os cidadãos transformaram-se de observadores passivos a agentes de seu destino, tomando a coragem de empunhar o pincel dos sonhos para traçar o futuro que queiram.
Mais recentes
Mais acessados
Opinião
- Publicidade -