A notícia que o estádio do Nacional Atlético Clube corre o risco de virar terreno fértil para empreendimentos do mercado imobiliário, movimentou o setor esportivo, político e de especialistas em patrimônio cultural esta semana. Vizinho de um dos maiores condomínios em construção na Cidade (o Jardim das Perdizes na Avenida Marques de São Vicente), o estádio Nicolau Alayon ganhou as manchetes de vários jornais, entre eles o Estado de S. Paulo com título “Estádio do Nacional pode presenciar o último clássico Juve-Nal”, com referência jogo Juventus e Nacional, na quarta-feira, pela 17ª rodada do Campeonato Paulista da Primeira Divisão, série A-3. O Nacional venceu o tradicional clássico “Juvenal”, por 2 x 0, na presença de um publico de 648 pessoas (renda: R$ 8.320,00).
O estádio da disputa, fundado em 1919 e um dos principais responsáveis pela introdução futebol no país, é cobiçado pelo mercado imobiliário admite o vice-presidente e diretor social do clube, Mário Hila Rocha. “É verdade que na nossa região passa por uma explosão imobiliária, temos pessoas perguntando se temos interesse, mas não tem nada disso. É apenas especulação. Nem o estádio, muito menos o clube está à venda”, garante Rocha. O estádio teve pedido de tombamento, primeiro pelo então vereador Juscelino Gadelha, em 2005, e em 2013 pelo vereador Aurélio Nomura. O sociólogo e especialista em Patrimônio Cultural, Edson Domingues, foi chefe de gabinete de Gadelha e hoje é assessor de Nomura (PSDB). Domingues lembra que Gadelha pediu para (Nomura) levar adiante alguns encaminhamentos que fez na Câmara, entre eles o tombamento do estádio do Nacional. Segundo Domingues, a documentação de 2005 se perdeu e Nomura acabou fazendo novo pedido de tombamento ao Conpresp (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Ambiental e Cultural da Cidade de São Paulo). “O estádio tem as mesmas característica do estádio do Juventus, que foi feito por operários. No caso do Nacional, foi por operários da companhia inglesa São Paulo Railway”.
História do estádio
Fundado em 1919 pelos ingleses que construíram e trabalharam na Companhia São Paulo Railway (SPR), o estádio do Nacional se consagrou como patrimônio cultural e esportivo da cidade. No início do século 20, os fundadores da ferrovia Santos-Jundiaí jogavam futebol no local para lembrar do esporte inventado na Inglaterra. Charles Miller trouxe da Inglaterra a primeira bola de futebol e um livro de regras em 1894. Foi pelo Nacional que ele jogou, aliás, o Nacional tinha outro nome, era São Paulo Railway, o mesmo da companhia inglesa que Miller trabalhava, responsável pela construção da ferrovia na região.