Cansada de ver lixo na calçada do muro da CPTM, a moradora da Rua Diogo Ortiz, Angela Soranz Saragiotto resolveu mudar o visual do local. “Todo dia eu saia da minha casa e deparava com o murro pichado e o lixo que me incomodava muito”, revela a artista de 75 anos. Viúva, Angela, ou tia Angela como é conhecida na vizinhança, faz pintura em porcelana há cerca de 40 anos. Ela usou sua habilidade com as tintas e pincéis para mudar o visual da Diogo Ortiz. Tia Angela conta que o primeiro teste foi feito com pintura no trecho do muro (pertencente a CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitano – com autorização da companhia) em frente sua casa, em junho. “Todos que passavam elogiavam (a iniciativa). Depois a CPTM reformou a calçada (danificada) no trecho em frente a praça (José Coelho) onde fica o ponto usado para descarte irregular de lixo e entulho. Tive a ideia de pintar não só o muro mas também o chão (calçada)”, revela a artista.
Sempre que tem um tempo, lá vai tia Angela com seu banquinho, tintas e pinceis. Flores e mensagens chamam atenção de quem passa pelo local. Ela reaproveita os restos de tintas das pinturas em porcelana que faz por encomenda. “Fico emocionada com as pessoas que passam aqui. Eles falam que nunca viram uma senhorinha com 75 anos fazer isso antes. Uns rapazes que fazem faculdade na Vila Leopoldina vieram aqui, elogiaram e até beijaram minha mão, quase chorei”, relata tia Angela que é membro da Amocity, associação de moradores da região Noroeste da City Lapa, que apoia sua iniciativa. “Nós da Amocity nos reunimos e fizermos limpeza algumas vezes, mas logo depois colocaram o lixo de novo. Desde que pintei as flores no chão – há dois meses – não colocaram mais lixo, depositaram mais pra lá, quase na divisa com a parte da calçada pintada. Fico com uma pena deles porque vou pintar mais (calçada) e eles não vão ter mais onde colocar o lixo”, afirma a artista que inspira outros moradores da rua com a iniciativa.
O trabalho voluntário de tia Angela sensibilizou a CPTM que já forneceu material. “Só que terminou e fiquei constrangida de pedir mais. Fui numa loja, próxima a esquina da Clélia com Catão, que doou três latas de tinta quando conheceu meu trabalho. Faço isso nas minhas horas vagas e fico contente porque as pessoas ficam felizes e gostam do meu trabalho”, conclui a artista voluntária.
Muito bonito Tia…
Deixado exemplo bacana pra todos nos