O solo da comunidade

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A transformação do solo sempre gera polêmica em qualquer lugar do mundo, seja por questões religiosas ou sociais. Basta prestar atenção nos conflitos noticiados pela televisão.
Não foi diferente na primeira edição do Fórum em Debate organizado pelo Fórum Social da Vila Leopoldina, que discutiu a proposta de reurbanização de uma área de 290 mil m² da Votorantim (entre as avenidas Queiroz Filho, Marginal Pinheiros, Dr. Gastão Vidigal e a rua Professor Ariovaldo Silva) referente a proposta protocolada na Prefeitura pela empresa BVEP (empresa de empreendimentos e participações do Banco Votorantim) e da SDI (empresa de gestão e o URBEM (Instituto de Urbanismo e de Estudos para a Metrópole) para desenvolvimento de projeto urbanístico na região.

O arquiteto do Urbem, Milton Braga explicou que o processo aguarda a publicação da Prefeitura para uma discussão e início do projeto. A proposta é de promover junto à Prefeitura a discussão sobre o aproveitamento inteligente da antiga região industrial, localizada na macroárea do Arco Pinheiros, conforme define o Plano Diretor da Cidade. A ideia, segundo ele, é propiciar o uso misto dos espaços urbanos, mesclando unidades residenciais, comerciais, espaços públicos e fachadas ativas (com comércio e serviços no térreo). O fórum também debateu a possível saída da Companhia de Abastecimento e Entrepostos de São Paulo (Ceagesp) do bairro.

O vereador e relator da Lei de Zoneamento, Paulo Frange explicou as regras da Lei para a eventual transferência da Ceagesp da Vila Leopoldina, de uma área de 700 mil m² , do Governo Federal.
Frange lembrou que se a proposta para a área da Votorantim evoluir e a Ceagesp deixar o bairro, a mudança será radical. Serão quase um milhão de m² disponíveis para a construção de novos empreendimentos imobiliários, dos quais 40% do terreno ficará com o município: 15% vai para a construção de novo viário e calçadas largas, 10% para o verde, 5% com destino específico (saúde, educação etc.) e 10% que podem ser utilizados  para habitação de interesse social (HIS).Ou seja, a proposta do grupo privado, ainda que em fase embrionária, nasce com área prevista para moradia popular e verde.

A temperatura da discussão aumentou depois que moradores de três favelas do entorno da Ceagesp alegaram que não foram lá para discutir a saída da Ceagesp e sim moradia. Lara Luciana da Cruz afirmou que se sentiu enganada. “Ficamos sabendo que iam tratar de moradia dessas três favelas”, explicou, acrescentando: todas as pessoas vieram aqui hoje porque falaram que ia tratar da saída das favelas”. Ela afirmou que tem muita gente trabalhadora na favela que só quer moradia digna. “Se nós estamos lá é porque não tem apoio do poder público”.

Assim como Frange, o vereador Nabil Bonduki e José Police Neto manifestaram a preocupação de construir, com participação popular, proposta que inclua aqueles que esperam por moradia há anos no entorno da Ceagesp.

Com tantos protestos, os envolvidos no debate saíram com a certeza de que a prioridade é ouvir os moradores – de todas as faixas de renda -, mas principalmente aqueles esquecidos a própria sorte pelos becos da Leopoldina.

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