Em campanha pela prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy (PMDB) e Andrea Matarazzo (PSD) dedicaram a manhã quinta-feira (15) para caminhar pela movimentada região de comércio da Lapa, na Rua Doze de Outubro. Em seguida, os candidatos participaram do À Mesa com Empresários, evento organizado pela Página Editora e Jornal da Gente.
Marta Suplicy deixou claro que Matarazzo será seu braço direito na gestão, com voz ativa e grande participação nos projetos para a Cidade. A candidata fez um balanço do que viu no bairro. “Tendas montadas na rua, povo abandonado. São problemas que temos que enfrentar sem prejudicar as pessoas que estão lá, mas precisa melhorar a cidade. No caminho do Mercado (Municipal da Lapa) vi muita sujeira, falta de segurança. Precisa de policiamento, UBSs. Discutiremos coisas que afetam a cidade e não resolvem, como por exemplo, ciclovias e radares pegadinha”, afirma. Marta ainda propõe revisar o plano diretor e facilitar o processo para quem deseja abrir seu próprio negócio.
A senadora criticou o atual prefeito, Fernando Haddad (PT), que segundo ela, com um orçamento em valores atuais de R$ 20 bilhões a mais do que ela teve em sua gestão entre 2001 e 2005, não soube priorizar projetos fundamentais para a cidade. “Queremos colocar um aplicativo na subprefeitura para avaliar aonde vão os recursos. Quero fazer 14 CEUs que ele (Haddad) não fez e melhorar a especialização de professores”, disse. Para Marta o foco em educação é fundamental, para evitar que crianças se envolvam com drogas e criminalidade. Ela citou o caso do menino de 10 anos que morreu durante uma troca de tiros com a polícia no Morumbi, em junho deste ano.
Sobre os chamados “pancadões”, Marta propõe criar uma programação para os jovens, de forma a evitar que eles se aglomerem nas ruas. “Todo mundo foi adolescente. Não tem lugar nas periferias (para festas), então eles fecham as ruas, o tráfico de drogas aumenta. Tem que pegar os mais de 400 clubes de cultura para fazer eventos para os jovens”.
Marta Suplicy também apresentou propostas para a saúde. Ela afirma ter visitado o Hospital Central Sorocabana e promete reabri-lo se for eleita. “Fui lá e a situação é inacreditável. É um hospital de referência da Lapa e da Zona Norte. Tenho o compromisso de recuperá-lo”, afirmou. Membros do conselho do hospital que estavam presentes no almoço aplaudiram a candidata após sua fala.
Para os usuários de drogas, Marta diz que pretende focar nas ONGs que já trabalham com a recuperação dessa população. “Não vamos continuar com o programa Braços Abertos. São fornecidos R$ 15 para a pessoa consumir drogas todos os dias”. A candidata disse que a espiritualidade, independente do credo, é algo que efetivamente ajuda o dependente químico a deixar as drogas, e por isso é importante potencializar o trabalho de instituições que já atuam nesse sentido.
A ex-prefeita se diz contrária à eleição direta para subprefeitos, o que em sua opinião tornaria a cidade ingovernável. “Eleger subprefeito de jeito nenhum. Não podemos ficar quatro anos com uma pessoa sem afinidade. Vamos escolher pessoas de reputação ilibada, para todas as subprefeituras. Também é importante ter vereadores com que se possa trabalhar. Espero que possamos eleger a melhor bancada para trabalhar juntos”.
Ao final, Marta deixou o evento para atender outros compromissos de sua agenda de campanha, então ficou a cargo de Andrea Matarazzo responder às questões dos presentes.
Matarazzo fala sobre Ceagesp e ponte que liga Pirituba à Lapa
Na abertura do evento Andrea Matarazzo explicou os motivos que o levaram a desistir de sua candidatura e se aliar à senadora Marta. “A cidade corria risco de ficar na incompetência que vivemos hoje ou viver duas aventuras, uma populista e outra elitista”. Ele acrescentou que a visão de governo da Marta para a cidade é muito parecida com a dele.
Matarazzo falou amplamente sobre a região, onde está presente boa parte de seu eleitorado. “Na Lapa as ruas parecem bombardeadas, as árvores não são podadas há muito tempo. Tem a passagem Toca da Onça e é perigosíssimo manter um espaço público naquela situação”, disse. Ele citou iniciativas da ex-prefeita como os CEUs, o Bilhete Único, o uniforme para crianças da rede municipal, que segundo o vereador foram muito positivas. “A somatória da grande experiência da Marta em São Paulo com a minha pode ter um bom resultado para a cidade”.
Outras preocupações do candidato a vice-prefeito são as bocas de lobo, que com as chuvas de janeiro causam alagamentos na região além do projeto da ponte que vai ligar Pirituba à Lapa, que sem alça de acesso para a Marginal poderá ampliar o trânsito em ambos os bairros.
Os convidados presentes puderam realizar perguntas ao candidato. Ele foi indagado sobre a “indústria da multa”, e declarou que serão mantidos apenas os radares que podem captar irregularidades. Sobre a redução de velocidade nas marginais, Matarazzo critica a medida feita sem estudos prévios e acredita que outras ações, como a melhoria da sinalização, poderiam ter reduzido os acidentes.
Sobre a possibilidade de abertura de creches noturnas, Matarazzo se comprometeu a estudar a demanda, mas entende que para a saúde é importante estender o horário de atendimento nas UBSs até às 23h e aos sábados, além de contratar mais dois mil médicos.
Sobre a retirada da Ceagesp, Matarazzo ressaltou que a decisão final caberá ao governo federal, proprietário do território, mas acredita que o ideal seria reformular o entreposto ao invés de movê-lo. “(A Ceagesp) Vem se degradando ano a ano. A região não precisa de mais um parque ou empreendimento imobiliário. Precisa reformular, manter algumas atividades como a venda de flores e frutas, para voltar a ser um ponto turístico”, finaliza o candidato a vice-prefeito.
Veja como foi o encontro: