Uma medida de gestão

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Saúde é um direito de todos e dever do Estado, mas nem sempre é assim. Na Vila Ipojuca, a comunidade luta desde 2007 pelo retorno da Unidade Básica de Saúde Wanda Coelho de Moraes, a UBS Vila Ipojuca, para a vila de origem. Naquele ano, a unidade deixou o imóvel (alugado) da Rua Paumari e foi parar em uma casa (também alugada) da Rua Catão (1266), na vizinha Vila Romana. Foram muitas as tentativas junto às autoridades municipais para o retorno da UBS à Ipojuca. A saga por saúde mais perto de casa se arrasta até hoje. O presidente da Associação Amigos da Vila Ipojuca (Assavi), Leonildo Siragna lembra que o bairro concentra muitos idosos e a unidade de saúde na Rua Catão fica longe para a maioria que tem problemas de mobilidade.

No ano seguinte à mudança de endereço (2008), a Assavi em parceria com o Conselho Gestor de Saúde da UBS Vila Ipojuca fez um abaixo-assinado, pedindo a mudança da UBS da Rua Catão para a Rua Sepetiba, 660, sede do antigo Clube da Comunidade City (hoje desativado). O documento foi entregue a então vice-prefeita Alda Marco Antonio com o objetivo de oferecer melhor atendimento aos usuários. Na gestão de Gilberto Kassab, quase que o desejo dos moradores se concretizou, mas a ideia do secretário da época era transformar o local em um clube escola, o que também não saiu do papel. O mesmo pedido foi feito a vários vereadores, sem sucesso. Em 2013, Siragna acreditou que o problema estava resolvido. No início da gestão Fernando Haddad, ele procurou o secretário de Esportes, Celso Jatene, e entregou um novo abaixo-assinado. Dessa vez, a maioria das adesões era de vizinhos do CDC descontentes com a perturbação das festas promovidas pela entidade que administrava o espaço. Jatene acatou o pedido.

Mesmo assim, a transferência da área esbarrou na burocracia e se arrastou até o final da gestão petista. A área foi reservada para a instalação de uma UBS Integral, ou seja, a UBS da Vila Ipojuca com serviços ampliados. Com a eleição do prefeito João Doria, a expectativa era que a mudança seria acelerada, mas a declaração do tucano durante visita à Emei Professora Ana Maria Poppovic, surpreendeu. A ideia de Doria é instalar um Centro Temporário de Acolhimento para moradores de rua no local, em parceria com a iniciativa privada.

O presidente da Assavi classifica de absurda a ideia de Doria. O prefeito alega que o volume de público da UBS não é muito grande. “O CTA acolhe pessoas em situação de rua, dá treinamento, gera emprego e coloca essas pessoas no caminho da empregabilidade”, declarou. “E não tem dinheiro para fazer a UBS. Entre ficar parado e a ativar atendendo pessoas em situação de rua, talvez seja uma solução melhor”.

A ideia do prefeito é louvável, mas a preocupação do líder comunitário é ficar sem a unidade de saúde e receber, depois de tanta luta, outros problemas com a população de rua, como dependentes de drogas e álcool perambulando na área residencial perto das crianças de duas escolas de educação infantil. O presidente da associação de moradores promete mobilizar a comunidade contra a ideia do prefeito. 2018 é ano eleitoral e o tucano é um dos nomes cotados para candidato à presidência da República. É um tema para prefeito e comunidade refletirem.

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