A luta da comunidade para reabertura do Hospital Sorocabana já dura quase sete anos. A novela se arrasta desde a gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), passando pela do petista Fernando Haddad, sem solução. Vários abaixo-assinados foram entregues a eles. Até mesmo ao atual gestor da Cidade, João Doria teve um documento protocolado pedindo a reabertura do hospital. Doria diz não ter recursos esse ano porque pegou a prefeitura com um rombo de R$ 7 bi do seu antecessor, mas promete iniciar o projeto em 2018.
Enquanto aguarda a reabertura, volta e meia a comunidade é surpreendida com a notícia de um leilão pedido pelo Tribunal Regional do Trabalho em ações de pendências trabalhistas deixadas pela Associação Beneficente Hospitais Sorocabana. Tudo começou em 1955, quando o terreno foi cedido pelo governo estadual, dono da área, à Associação Beneficente Hospitais Sorocabana, desde que no local funcionasse um hospital. Como em setembro de 2010, o Sorocabana encerrou suas atividades, abriu-se brecha jurídica para que o Estado pedisse de volta a posse do imóvel, concretizado em setembro de 2011.
Políticos de vários partidos apoiaram a causa comunitária e se engajaram em encontrar uma solução para a reabertura do Sorocabana, mas sem sucesso.
Essa não é a primeira vez que trabalhadores tentam leiloar o imóvel estadual, para receber salários e diminuir o prejuízo deixado pela associação. Há cinco anos, também no mês de julho, o Sorocabana entrou na lista de outro leiloeiro. Na época a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, dona da área – entrou na Justiça e conseguiu suspender o leilão. A segunda vez foi em 2013, o prédio estava entre os imóveis do leilão marcado para 10 de dezembro. Assim como agora, a notícia pegou de surpresa tanto a comunidade lapeana quanto a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, dona do imóvel, quanto a Secretaria Municipal de Saúde – que recebeu o prédio do Estado para colocá-lo em funcionamento para atender à população.
Já naquela época, os dois órgãos fizeram um acordo para a reforma e modernização das instalações. A intenção era concluir a obra no primeiro semestre de 2016, mas, como se sabe, o projeto não saiu do papel.
Na mesma ocasião, a Secretaria de Saúde do Estado, por meio do Patrimônio Imobiliário do Estado, esclareceu que o bem é público, consta no Cartório de Registro de Imóveis e não pertence à ABHS. Logo, não pode ser leiloado. Além de ser público, o complexo do Sorocabana tem nas dependências do antigo Pronto Socorro, uma AMA 24h (Atendimento Médico Ambulatorial da secretaria municipal) e uma unidade de especialidades da rede Hora Certa, alternativas de atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) à população da região da Lapa, bairros vizinhos e cidades próximas à Zona Noroeste da Capital.
Dessa vez, a petição que impediu o leilão do Sorocabana foi encaminhada à Justiça pela Secretaria Municipal de Saúde, que com a municipalização do hospital e cessão de uso teve o terreno repassado para a Prefeitura. Hoje a região não tem hospital pelo Sistema Único de Saúde.
O caso da reabertura do Hospital Sorocabana parece uma luta sem fim, mas, quem sabe, com a suspensão do terceiro leilão do complexo hospitalar, a comunidade lapeana e políticos engajados na causa cobrem mais agilidade do prefeito Doria na reforma e reabertura do hospital para acabar com as tentativas de leilões e de especulação imobiliária em torno da área do Sorocabana.