Ninguém fica sem se alimentar mesmo em época de crise. Pelo menos feijão, arroz, legumes e verduras não podem faltar na mesa. Por isso, a discussão sobre a saída parcial ou total da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) da Vila Leopoldina dá tanto ibope em encontros como o Café com a Comunidade realizado pela Página Editora e Jornal da Gente, essa semana. Cerca de 100 pessoas, entre permissionários, empresários, moradores e lideranças comunitárias da região da Lapa participaram do encontro com o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, que teve como tema, justamente, o maior entreposto de alimentos da América Latina, a Ceagesp. A disposição de tantas pessoas em debater o assunto revela que tem muita coisa em jogo, não só o abastecimento de produtos da cadeia agrícola na mesa do paulistano. Se o entreposto deixar a Leopoldina ou a Cidade, leva junto os postos de trabalho e parte do faturamento do comércio do bairro, movimentado pelo público e caminhoneiros que passam pelo entreposto.
Um dos problemas levantados no café foi o futuro dos mais de 700 mil metros quadrados da área onde está a Ceagesp hoje. O setor imobiliário está de olho no terreno pelo seu tamanho e possibilidades do lucro que pode render. Se for feito empreendimento com torres também terá impactos ambientais e de trânsito.
O secretário Arnaldo Jardim explicou que a missão da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento é apoiar o desenvolvimento da produção agropecuária, mas tem outra missão muito importante: coordenar o abastecimento de alimentos.
A Ceagesp surgiu como Ceasa há mais de 50 anos. Hoje são mais de 10 mil caminhões circulando diariamente pela Vila Leopoldina, trazendo e levando 4,5 milhões de toneladas de alimentos por ano, lembrou ele . Arnaldo Jardim destacou que todos sabem que a mudança do atual entreposto para outro local mais apropriado deve ocorrer mais cedo ou mais tarde. Por esta razão, os Governos Federal, do Estado e da Prefeitura celebraram, em 6 de julho, um acordo que cria dois grupos de trabalho.
Um deles tem coordenação do Ministério da Agricultura e da Prefeitura e, com a participação do Governo do Estado, cuida da formulação de alternativas para a ocupação da área onde hoje funciona a Ceagesp. A ideia é criar, no local, um polo tecnológico, cultural e gastronômico que seria referência para o turismo, lazer e bem-estar. Segundo o secretário, o outro grupo de trabalho é coordenado pelo Governo de São Paulo e está cuidando da modelagem de concessão à iniciativa privada para a construção e operação de um novo e moderno entreposto (ligado ao setor público) em local mais apropriado. “Tudo correndo bem, ainda no mês de setembro o Governo do Estado, em cooperação com a Prefeitura e a União, deve lançar um edital para chamamento de estudos que, segundo o secretário, irão embasar a concessão da nova Ceagesp, que deverá reunir os operadores e permissionários do atual entreposto e mais aqueles que hoje operam na chamada zona cerealista”, revela.
Agora é preciso que a comunidade se envolva na discussão do que quer para o futuro da área da Vila Leopoldina, se um varejão de produtos e de flores, equipamentos sociais ou deixar que o mercado imobiliário transforme o terreno em um novo empreendimento de torres residenciais e comerciais. Até isso acontecer, a Ceagesp será tema de muitas conversas e debates pelo bairro.