Se o tema da edição 46 da São Paulo Fashion Week foi Tran[SP]posição, com o objetivo de expandir fronteiras e ressignificar espaços, a fronteira social da Vila Leopoldina ganhou destaque com o gigante evento de moda. A edição de quarta-feira (24) do jornal Folha de S. Paulo publicou a crônica de Marcos Nogueira intitulada “Abandono e desolação são termos suaves para o apocalipse zumbi da região”, em referência a dissonância entre o glamour da semana de moda e a dura realidade dos usuários de crack, moradores de rua e habitações inadequadas, tudo isso em um mesmo quarteirão.
Se a realização da SPFW é um prenúncio da evolução econômica do bairro, com o aumento exponencial dos empreendimentos comerciais e residenciais nos últimos anos, e potencial ainda maior de transformação nos anos que virão, não é possível deixar de lado os problemas sociais que existem.
Uma das causas apontadas para a formação de uma “mini cracolândia” na Vila Leopoldina é justamente a presença da Ceagesp, fonte de alimento e trabalhos informais para os dependentes químicos. Foi nas reuniões do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança), que discute os casos de violência no bairro, que surgiu o grupo Fórum Social Leopoldina, um espaço para debater não as consequências imediatas dos problemas de segurança, mas sim sua origem e a necessidade de fomento das políticas sociais.
O órgão competente, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, participa das reuniões do Fórum onde informa à população as ações da pasta no território. Segundo a SMADS, orientadores socioeducativos do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS) – Modalidade IV Lapa – realizam, diariamente, busca ativa e monitoramento do perímetro na Vila Leopoldina para a população em situação de vulnerabilidade que lá vive. Por meio de escuta qualificada, oferecem encaminhamentos para acolhimento visando à reinserção social dessa população, além de ofertar alimentação, local para higiene, retirada de documentos, entre outras ações. A secretaria também informa que muitas pessoas não aceitam acolhimento e, raramente, os encaminhamentos. Compete aos próprios moradores em situação de rua a decisão de aceitar ou não o auxílio. A fim de iniciar vínculos com a população da região, o SEAS IV Lapa trabalha em conjunto com o Consultório na Rua, para encaminhar quem quiser ser acolhido às Unidades Emergenciais de Atendimento (Atende), como a que foi instalada no ano passado na Avenida Doutor Gastão Vidigal.
Já dentro do Espaço Arca, além dos desfiles da SPFW, foi montado o Projeto Estufa, com diversos debates e aulas sobre criatividade, empreendedorismo, inovação, economia criativa, pocket shows e exposição de arte com curadoria de Mari Nagem e Daniela Thomas.