É natural o sentimento de revolta da população ao se deparar com notícias sobre corrupção e desvio de recursos públicos. Com toda a razão. Mas talvez o verdadeiro inimigo no Brasil seja a ineficiência da máquina pública.
Tudo é extremamente difícil e burocrático e requer uma grande quantidade de energia e tempo para fazer as coisas acontecerem. As lutas por saúde e habitação, por exemplo, são verdadeiras maratonas. Nesta segunda quinzena de abril foram concluídas as obras de melhorias na UBS Parque da Lapa, iniciadas em dezembro do ano passado. O período não é tão ruim, considerando que a reforma foi feita de uma forma que não atrapalhasse os atendimentos realizados no equipamento. O ponto é que foi travada uma verdadeira batalha dos conselheiros da unidade para conseguir fazer com que o recurso para a obra, proveniente de uma emenda parlamentar, fosse empenhado e executado. A publicação da verba no Diário Oficial do Município ocorreu em 2016.
Na questão de moradia, tivemos essa semana a terceira audiência pública para discutir a revisão do Projeto de Lei da Operação Urbana Consorciada Água Branca. O executivo tenta propor uma solução que viabilize a realização das obras. A população teme que a arrecadação proposta com a revisão seja menor que a necessária para realizar as benfeitorias. Levou anos para chegarem ao PL no formato em que está, e agora mais tempo será necessário para aprovar ou não a revisão da lei. Enquanto isso, a fila de pessoas que precisam dessas habitações tende a aumentar.
Por fim, outra questão sempre presente, especialmente aqui na região, é o manejo arbóreo. Não existem discordâncias sobre as vantagens de se viver em um bairro arborizado, cujo clima é mais agradável, com benefícios para a saúde e ruas mais bonitas. Mas ser atingido pela queda de um galho, nas atuais circunstâncias, não se trata de estar na hora e lugar errado, mas sim de descaso. Como é possível existirem pedidos de poda e remoção sem resposta ou solução? A comunidade até entende que as equipes são limitadas e que não é possível realizar os serviços da noite para o dia, e ainda que algumas podas precisam do apoio da concessionária de energia elétrica para que não ocorram acidentes, apesar de que o cenário verdadeiramente ideal seria aquele com os fios da rede elétrica subterrâneos. Mas demorar anos para atender uma solicitação ou marcar uma árvore como condenada e não fazer nada a respeito não é aceitável.
Ano que vem teremos eleições municipais e, embora os problemas da região tenham atravessado diversas gestões, é válido prestar atenção nas propostas que sempre são prometidas, mas com muita dificuldade ou pouca frequência são realizadas.