Apagar incêndios

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Sem políticas sólidas e de longo prazo para a cidade, sempre vai parecer que vivemos em um eterno estado de apagar incêndios. Isso serve tanto para ocorrências como a do viaduto da Marginal que cedeu no início do ano, o que talvez com um pouco mais de manutenção poderia ter sido evitado, como para o incêndio que aconteceu na Ponte do Jaguaré nesta sexta-feira (21).

As causas ainda estão sendo investigadas, mas o fogo se alastrou por conta da presença de diversos materiais inflamáveis embaixo da ponte. Com a ocorrência, a Prefeitura foi rápida no atendimento das cerca de 50 famílias que estavam lá, o que equivale a mais ou menos 150 pessoas, oferecendo kits de higiene, cobertores e acolhimento nos equipamentos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social. Mas o que será depois disso? Vão viver para sempre nos equipamentos? Vão voltar e instalar suas moradias em outro viaduto, ou mesmo na própria Ponte do Jaguaré, enquanto aguardam a engessada fila da Secretaria da Habitação andar?

Tivemos também entre fevereiro e abril deste ano a remoção de famílias da Comunidade do Jardim Humaitá, retiradas às pressas uma vez que a área foi considerada de alto risco por conta da proximidade com o talude de contenção das caixas de rejeitos que foram retirados do Rio Pinheiros, o que pode ocasionar incêndio e explosão por conta da presença de gás metano.

É de se estranhar a agilidade para algumas ações e morosidade em outras. Temos em nossa região grandes discussões sobre a transformação do território, com projetos de intervenção urbana públicos e privados, onde uma das contrapartidas é a habitação de interesse social. Mas os problemas de moradia em toda a cidade não são novidade e esse projetos também não oferecerão casas para todos que precisam. Até termos uma solução definitiva para o problema, continuaremos com atuações emergenciais.

Neste final de semana acontece um mutirão no centro comercial da Lapa, com serviços de zeladoria e orientações variadas, inclusive de habitação. Talvez seja um bom momento para questionar e cobrar uma política que transforme a nossa realidade, com tantos problemas de vulnerabilidade social. O mutirão pode ser comparado à questão dos incêndios. É ótimo ter um dia com as equipes da Prefeitura em peso para realizar serviços. Mas, infelizmente, assim que o prefeito e funcionários saírem, não vai demorar para que os problemas voltem. Mais uma vez se oferece uma medida temporária ao invés de tratar o cerne da questão, que passa pela necessidade de estrutura e campanhas de educação. Sem pensar no longo prazo, sempre viveremos neste eterno estado de alerta, apenas esperando qual “incêndio” deveremos apagar no dia.

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