Após anos cobrando a reabertura do Hospital Sorocabana, finalmente os moradores da região conseguem visualizar ao menos um primeiro passo para iniciar esse processo. Foram muitas manifestações, abaixo-assinados e até algumas tentativas de leilões do hospital, por conta dos processos trabalhistas da Associação Beneficente Hospitais Sorocabana.
Já foi sugerida uma PPP (Parceria Público-Privada) para a reabertura, o que incomodou bastante a população que luta pela manutenção do SUS. Mas em setembro do ano passado começou a definição do caminho para a reabertura. A Prefeitura não poderia realizar nenhum tipo de investimento no hospital sem a segurança jurídica de ser a proprietária daquela área. Começaram os estudos jurídicos para ver como seria possível transmitir a posse do terreno, que pertence ao governo do Estado, para o Município. Felizmente, logo foi identificada uma situação semelhante e oposta: o Instituto Dante Pazzanese pertence ao Estado, mas está em uma área municipal.
A proposta de fazer as trocas de terrenos começou a ser estudada e, quase um ano depois, o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, anuncia que os documentos serão assinados na próxima semana. Uma vitória das pessoas que nunca abandonaram a causa e se mobilizaram todas as vezes que algo pudesse ameaçar o hospital.
Porém, não será uma trajetória fácil. Os projetos de reforma feitos no passado deverão ser atualizados. Se o Sorocabana se encaixa bem como set para a realização de filmagens, não podemos dizer o mesmo sobre a qualidade estrutural para os atendimentos.
Com o projeto pronto, será preciso conseguir os recursos para começar as obras. Seria muito positivo se fosse possível utilizar alguma parte do empréstimo feito junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Se não forem utilizados os recursos do BID, será mais complicado conseguir o dinheiro necessário, neste momento de alegada austeridade na gestão pública. Até porque não basta conseguir apenas o valor da reforma, precisa dos fundos que garantam as atividades do hospital como a compra de equipamentos e contratação de profissionais.
É neste momento que se considera a busca por parcerias privadas, que vão exigir que o investimento tenha retorno. Modelo esse que parte da população já deixou bem claro não concordar, uma vez que poderiam ser priorizados os atendimentos de planos de saúde privados, com uma paulatina perda de espaço para os pacientes do SUS. Tudo isso deverá ser acompanhado e discutido nos próximos meses. Mas o primeiro passo já foi anunciado. A Lapa poderá ter de volta o seu hospital.