Vizinhos do Allianz Parque participaram na segunda-feira (14) da apresentação de um relatório elaborado pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, sobre o ruído decorrente de shows musicais que foi medido tanto dentro do estádio como em casas e prédios do entorno.
A apresentação foi feita pelo pesquisador do IPT Marcelo de Mello Aquilino, que explicou conceitos de acústica e as definições de poluição sonora. O relatório foi elaborado a pedido do Ministério Público, após associações de moradores entrarem com uma ação civil pública em 2016 pedindo medidas para amenizar o impacto e desconforto causados pelos eventos.
A medição contemplou os shows das bandas The Who, Bon Jovi, Aerosmith, Guns’n’Roses e Coldplay, realizados entre os dias 21 de setembro e 7 de novembro de 2017. Também foi feita a medição no show do Paul McCartney, no dia 15 de outubro de 2017, porém a equipe do IPT que estava no local perdeu os dados coletados em um assalto após o evento.
Aquilino explicou que sons acima de 85 dB(A) (Decibéis) por mais de 8 horas pode ser considerado um fator de insalubridade, e 140 dB(A) é o limite da dor. Com base na Lei de Zoneamento da Prefeitura do Município de São Paulo e seguindo o mapa de Uso e Ocupação do Solo da Lapa, estima-se como adequado as faixas sonoras de 60 dB(A) para o período das 7h às 19h, 55 dB(A) das 19h às 22h e 50 dB(A) das 22h às 7h.
Em dias sem shows, a média de ruído constatada nas 18 residências testadas foi de 54 dB(A). Com shows, o maior ruído registrado dentro de uma casa foi em torno de 70 dB(A), enquanto dentro do estádio o ruído chegou a 110 dB(A).
Os vizinhos afirmam que tiveram a maior percepção de impacto no show do Coldplay, com vibração de vidro nos boxes dos banheiros. Afirmam que tiveram ocorrências semelhantes nos shows da cantora Ivete Sangalo e do grupo Los Hermanos. Também foi relatado que durante o show do Justin Bieber, em abril de 2017, representantes do PSIU estiveram na vizinhança para fazer a medição e foi constatado ruído acima do alvará permitido para o evento. O órgão chegou a multar a Real Arenas Empreendimentos Imobiliários S/A que entrou com recursos contra a autuação.
Com o relatório que aponta de forma científica o excesso de ruído em dias de eventos, os moradores querem marcar uma audiência na promotoria com representantes do IPT e do Allianz Parque para discutir quais são as medidas possíveis para mitigar o desconforto.