A comunidade se reuniu no sábado (7) na Praça São Crispim para discutir o projeto da construção de um piscinão no local. Os moradores não querem perder a área verde e afirmam que a obra poderia ser feita em outra parte do bairro, como um imóvel próximo onde funcionava um mercado, que está fechado há anos. Também foram cobrados os estudos técnicos que apontam que a praça seria o local mais adequado para receber o piscinão. A praça conta com dois pontos de ônibus, playground, equipamentos de ginástica, além de uma grande seringueira e outras árvores que serão impactadas caso a obra seja feita.
Arquitetos e artistas do Movimento pela Preservação da Praça São Crispim realizaram uma apresentação sobre o impacto dos piscinões nos bairros, que além de coletar as águas pluviais acumulam lixo e detritos causando mau cheiro, proliferação de mosquitos e baratas, e requerem manutenção insalubre e de alto custo. O grupo entende que a supressão da área verde e permeável irá causar um impacto ambiental, urbano e social na região, além do trânsito durante o período de obras.
Pedro Algodoal, engenheiro da SIURB que também é morador da região, participou da roda de conversa onde explicou o projeto, lançado no formato de PPP (Parceria Público-Privada) onde a empresa deverá ser responsável pela construção, operação, manutenção e conservação de cinco novos reservatórios, além da requalificação de quatro piscinões já existentes, por um período de 33 anos. O valor estimado da contratação é R$ 1.047.420.000,00. “A praça não vai ser destruída, vai ser modificada. Vou pedir para a equipe da prefeitura apresentar à população o projeto de como vai ficar a praça depois da obra. Existe um mito de que o piscinão traz ratos, sujeira e mau cheiro. O piscinão recebe a sujeira do próprio bairro e é pior que ela seja retirada de um lugar que não está preparado, ao contrário desse tipo de galeria. Com o piscinão, utiliza-se um caminhão para fazer a limpeza e os trabalhadores não são expostos à sujeira”, disse o engenheiro.
Os arquitetos defenderam que, ao invés do piscinão, fossem feitas obras de drenagem com infraestrutura verde, que permitem a permeabilidade do solo, contribuem para a retirada de gás carbônico da atmosfera e promovem conforto térmico. O grupo quer que seja prorrogado o prazo da consulta pública, encerrado no dia 11 de dezembro, para que a população participe do processo.
Também foi criticada a falta de divulgação da audiência pública sobre o projeto, realizada no dia 22 de novembro na Galeria Olido. “Os moradores em um raio de 2 km deviam ter sido informados desse projeto”, afirma Mônica Borba, ambientalista e educadora que mora na Lapa há 30 anos. “Não podemos combater infraestrutura cinza com mais infraestrutura cinza”, disse Maurício Ramos, membro do Conselho Municipal de Política Urbana (CMPU). Ao final do encontro, o grupo plantou duas mudas de bananeira na praça.