Como diz o ditado, é impossível agradar todo mundo. Imagine então agradar todos os mais de 12 milhões de habitantes de São Paulo. Mesmo com muitos funcionários e departamentos, a Prefeitura tem uma grande tarefa que é a de não necessariamente agradar, mas garantir que a cidade consiga funcionar com alguma harmonia.
Um exemplo onde dois lados opostos estão certos em suas demandas é o caso da drenagem. Os moradores da Lapa e Perdizes estão bem engajados contra o projeto da Prefeitura de construir piscinões em duas praças da região. Eles defendem propostas em que a solução de drenagem ocorra de forma mais sustentável, sem perder as áreas verdes e de lazer.
Já na Vila Anastácio, os moradores não aguentam mais o fato de que, ano após ano, a época de chuvas é sinônimo de alagamentos, sendo um dos casos mais graves o da Rua Caiapós, onde está a EMEI Professora Sarita Camargo. Como a água retorna de uma galeria, o risco à saúde das crianças é grande, e aulas já tiveram que ser suspensas. A esperança dos moradores era a de que o problema seria resolvido com a obra da Ponte que vai ligar Pirituba à Lapa, que prevê melhorias de drenagem na Vila Anastácio. Mas ao que tudo indica, o projeto só contempla o trecho próximo à ponte e não outras vias onde o problema é notável. Ao fazer uma nova ponte e trazer mais carros para dentro do bairro, é de se esperar que esses veículos vão ficar presos no trânsito por conta dos alagamentos. Claro que o ideal é que o projeto de drenagem na Vila Anastácio também seja sustentável, mas a necessidade de acabar com as enchentes é urgente. Fazer uma obra considerando apenas o entorno imediato, sem pensar em consequências e soluções para as áreas adjacentes, parece falta de planejamento.
Falta de planejamento também é uma reclamação de quem vive em ruas com ciclovias que estão sendo ou já foram requalificadas. Que a bicicleta ganha cada vez mais espaço na cidade e que deve ser assim mesmo, não há dúvidas. Mas requalificar as ciclovias e deixar para outro momento o recapeamento do restante da rua é o melhor caminho? A Prefeitura e CET deveriam encontrar uma forma de trabalhar juntas, simultaneamente, ao invés de fazer um projeto e depois o outro.
Enfim, uma parte dessa dificuldade de diálogo e coordenação dos trabalhos é até esperado em uma megalópole como São Paulo. Só não podemos deixar que isso vire regra e que o dinheiro público seja gasto em situações que poderiam ser evitadas.