Cuidar de si e do bairro

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Não tem o que falar: o coronavírus foi o assunto da semana. Muitos eventos estão sendo cancelados no mundo inteiro e a comoção é grande. Não se sabe se todo esse alarmismo é justificado ou se da mesma forma que o vírus veio, ele irá desaparecer.

Estava prevista a realização do Mutirão nos Bairros na Lapa, programa com diversas atividades e serviços para a população. O evento foi cancelado, afinal utilizar recursos públicos para organizar uma ação e ninguém comparecer seria um desperdício de dinheiro e tempo, ou então um risco de expor as pessoas ao contágio.

E apesar de cuidados com a higiene serem fundamentais para manter a saúde, independentemente de uma pandemia, neste momento em que todos os órgãos públicos reforçam a importância de lavar as mãos, usar lenços descartáveis, manter ambientes ventilados, entre outros, é muito absurdo que uma escola onde jovens e adultos passam cerca de cinco horas por dia não tenha água, papel higiênico ou sabão em seus banheiros. Pior ainda, nem portas as cabines têm. A Escola Estadual Romeu de Moraes está em uma situação muito precária. É triste pensar que uma escola que já foi referência na Lapa, com 514 alunos, não oferece dignidade mínima para quem está lá fazendo duas das coisas mais importantes da vida, estudar e ensinar. Felizmente um grupo que inclui pais, ex-alunos e diretoria já se organizou para conseguir os recursos necessários para mudar essa realidade. Esse é o verdadeiro espírito de comunidade. Mesmo quem não estudou lá deveria se solidarizar e ajudar.

Com um sentimento semelhante, um coletivo foi criado para cuidar da Praça Cornélia que nos últimos meses tem sido alvo frequente de reclamações dos vizinhos e pessoas que passam por lá. Localizada em uma área de trânsito intenso, com corredor de ônibus, muitos comércios, serviços, e construção de novos empreendimentos pelo entorno, a praça é um verdadeiro oásis de área verde e lazer. Ou pelo menos deveria ser. Problemas de zeladoria, manutenção de equipamentos e a presença de pessoas em situação de rua acabaram fazendo com que moradores deixassem de frequentar o local. Por mais que hoje os condomínios ofereçam uma estrutura completa de lazer, locais para passear com os animais de estimação e academia, não podemos perder as áreas públicas que existem para todos. Quando a população está presente, a manutenção acontece.

O momento é de cuidado sim, mas não de pânico. A vida continua e as lutas também. Vamos cuidar da saúde não só agora, mas o ano todo, e lutar para que nossos equipamentos, sejam escolas, UBSs ou praças, estejam sempre preparados para receber as pessoas em condições adequadas.

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