Gilberto Nunes, diretor e fundador do Colégio Pré-Médico, faleceu no último sábado (16) aos 93 anos em casa. Ele foi para o hospital no dia 3 de maio e ficou internado por 11 dias para curar uma pneumonia. Ele foi testado para a Covid-19 e o resultado foi negativo, já que respeitou a quarentena, mas foi impactado pelo isolamento social e sentia muita falta de estar na escola, o que pode ter afetado a sua saúde. Após receber alta, voltou para casa no dia 14. Ele estava deitado na cama ao lado de sua esposa Wanda quando fechou os olhos. Ela perguntou se ele estava dormindo e recebeu como resposta “estou sonhando com você”. Pouco depois Gilberto partiu. Alunos, pais e funcionários da escola fizeram uma homenagem com fotos segurando cartazes de agradecimento ao diretor que deixou sua marca na vida da comunidade escolar e da Lapa.
Gilberto, mais conhecido por Giba, nasceu em Manduri em 1º de agosto de 1926 e era filho único do português da Ilha da Madeira, Floriano, e Anna Ramos Nunes, paulista de São Manuel do Paraíso. Viveu com sua família na cidade de Assis e sempre trabalhou muito em diversas funções, entre elas datilógrafo, bancário, motorista e até aplicou injeções em uma farmácia, histórias que gostava de contar. Ao deixar o exército em 1946 veio para São Paulo, onde inicialmente trabalhou em um laboratório e como discotecário na Rádio Gazeta.
Giba voltou a Assis onde foi nomeado diretor do Instituto de Educação da cidade. Se casou com Wanda em 1955 e teve três filhos: Gerson, Gisele e Gladys. A Lapa entrou em sua vida quando ele comprou o Colégio Presidente Washington Luís em 1960 e nesse mesmo ano transferiu seu cargo para a Primeira Delegacia de Ensino, que na época ficava na Avenida Sumaré. Trabalhava lá durante o dia e à noite no Colégio Presidente Washington Luís.
Em agosto de 1977 transferiu a escola para a Rua Dom João V e no ano seguinte fundou o Colégio Pré-Médico junto com o seu filho Gerson. “Ele foi um homem maravilhoso que deixou um legado ímpar na educação. Seu registro de diretor tem o número 036 e, até sábado, com certeza era o número mais antigo em atividade, trabalhando todos os dias úteis. Tenho a honra e agradeço muito a Deus de ter passado ao seu lado os últimos 43 anos, trabalhando e enfrentando muitas crises, mas colhendo os frutos dessa nobre missão. Para o grande Giba, todos éramos iguais e merecedores do sucesso. Ele, com um belo sorriso e uma palavra positiva, sempre colocava as pessoas para frente”, conta Gerson.
Os capítulos de sua vida foram contados na autobiografia “Giba, Assis e muitas histórias”, que ele distribuiu para amigos e pais de alunos. Ele deixa a esposa Wanda, seus filhos Gerson, Gisele (†) e Gladys, genros, nora, sete netos e o bisneto Bento.
Giba
Não consigo imaginar
Um futuro estranho assim
É como se o que partiu
Fosse uma parte de mim.
Queria ter me despedido,
Conversado mais contigo,
Dito como é querido
O meu grande e velho amigo.
Você vive, agora,
No nosso coração.
Mas sinto falta das suas histórias,
E do seu aperto de mão.
Vive pra sempre em nossa memória,
Na nossa recordação.
De um homem de tantas vitórias
Sei que todos lembrarão.
Por mais que pareça,
Não precisa ser tão ruim
Porque tudo que acontece
No fundo é pra ser assim.
E por mais que não saibamos,
Qual é a vontade de Deus,
Quero te rever um dia,
E, até lá, adeus.
Poema escrito por João Paulo, aluno do 3º ano do Ensino Médio e grande amigo do Seu Giba.