É preciso ter visão de futuro para investir neste momento. Caso da empresa que ganhou a licitação para a concessão de uso do baixo do Viaduto Antártica. Mesmo em um cenário de pandemia em que os eventos da forma como eram ainda não têm previsão de voltar, o grupo decidiu investir, gastar dinheiro e esperar que tenha retorno no futuro. Se o projeto suceder, será uma área revitalizada, com lazer e esporte gratuitos. Ganha a prefeitura, ganha a população e a empresa. A promessa é boa, mas precisaremos ver se funciona na prática.
Investir não é uma possibilidade para a maior parte dos brasileiros no momento. Quem conseguiu manter toda ou grande parte de sua renda, tem tentado controlar os gastos e pagar as necessidades básicas, o que também é difícil já que qualquer pequena compra de supermercado chega facilmente aos três dígitos.
Ter visão de futuro é ainda mais difícil quando se é jovem, quando tudo que desejam é aproveitar o momento. Qualquer evento perdido parece que não poderá ser recuperado. Todos estão impacientes, aguardando a volta da vida normal, quando se aglomerar, mesmo que seja em uma fila de mercado, não será algo perigoso.
Porém, para outros, uma motivação maior também leva à aglomeração, como os funcionários dos Correios que lutam para não perder seus direitos trabalhistas. Em uma discussão que envolve política e que precisa de ação, difícil não se mobilizar. Mesmo com risco.
Assim como já diziam os filósofos, como Platão e Aristóteles, uma sociedade boa deve ter justiça, a maior das virtudes. E para ser justa, é preciso ter igualdade e buscar o bem maior. No caso do PIU Leopoldina, que segue com sua discussão sendo postergada semana após semana, o que seria mais justo? Atender uma demanda existente de habitação logo ou aprovar rápido um projeto que dá margem para travar com a burocracia judicial e pública, e acabar não sanando a necessidade local, ou sequer beneficiando alguém? O projeto que começou como uma promessa de vida melhor para as comunidades precisa prever todos os impactos que terá, e tudo que pode barrá-lo lá na frente. Ou pelo menos os principais entraves. E isso não pode levar muito mais tempo para ser feito.
É muito complicado pensar no que é justo, quando os problemas estão tão próximos de nós. Queremos soluções, o mais rápido possível. Mas não é assim que funciona a megalópole. Precisamos de visão de futuro e planejamento. Menos promessas sem prazo ou imediatismo que atrapalha mais do que ajuda.