Campanha atípica

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Vivemos o período eleitoral mais atípico de todos. Não bastasse a pandemia, que em tese, deveria impedir a aglomeração dos tradicionais comícios de campanha, é lamentável que três das maiores redes de televisão tenham desistido de realizar debates para o primeiro turno. Ainda mais em um momento em que temos a tecnologia que permitiria que a discussão fosse feita de forma on-line, seguindo os protocolos de segurança, e depois transmitida em rede nacional. Não podemos esquecer que os canais de TV operam através de concessão e que deveria ser obrigação divulgar conteúdos de interesse público. É verdade que temos a internet para pesquisar propostas e comparar argumentos, mas nem todos conseguem filtrar as melhores fontes. E em tempos da epidemia de fake news, isso fica ainda mais difícil.

Na região, período de campanha é marcado por visitas de candidatos a determinados lugares, como o Mercado Municipal da Lapa e a Ceagesp, dois polos com muito público e de grande relevância, não só local. Essa semana o candidato Celso Russomanno esteve na Ceagesp e foi retomado o debate sobre a permanência ou saída da Ceagesp da Vila Leopoldina, deixando claro que não há consenso sobre qual caminho a seguir. De fato é questionável pensar se a saída será benéfica,e para quem. Para o governo municipal que contará com o último e maior lote disponível para empreender e especular dentro de São Paulo? Para o governo estadual que fará uma obra faraônica de um novo entreposto? Para o governo federal que poderá vender o gigantesco terreno? Para os comerciantes que já estão estabelecidos? Ou para clientes, como mercados e restaurantes, que conseguem seus produtos com fácil acesso? Essa discussão é antiga e por mais que o governador João Doria tenha anunciado a saída da Ceagesp para daqui cinco anos, difícil acreditar que esse prazo seja cumprido, se de fato a mudança ocorrer.

Já o subprefeito da Lapa, Leo Santos, apresentou durante a semana a ideia de tornar a Rua Doze de Outubro em um calçadão. O centro comercial da Lapa seria mais agradável e seguro com cafés, restaurantes e comércio, quem sabe até 24 horas por dia, como foi mencionado na apresentação. Mas comerciantes de rua talvez não gostem nem um pouco da ideia de interromper o trânsito na via. A Doze de Outubro já foi referência em comércio na cidade. Com os anos, aumentou o número de ambulantes, regulares ou não, e as próprias lojas ganharam um caráter mais popular. Impossível saber se com o calçadão essa característica vai ou não se reforçar.

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