Nomeado na sexta-feira (19), Caio Luz iniciou suas atividades na Subprefeitura Lapa durante essa semana. Formado em Comunicação Social pela Universidade Braz Cubas (UBC), especialista em Planejamento de Transportes e aluno de Ciências Políticas na Fundação-Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), o novo subprefeito concedeu uma entrevista ao JG na quarta-feira (24), quando falou de suas experiências e plano de trabalho para a região.
JG: Qual foi o maior desafio que você já teve que lidar nas outras subprefeituras que trabalhou? E qual o projeto que mais gostou de realizar?
CL: Temos os desafios da rotina e tanto na subprefeitura do Ipiranga como na da Vila Prudente, tivemos a questão do descarte irregular de lixo, com muitas experiências positivas e outras que não deram certo mas que nos ensinaram que esse problema extrapola o trabalho do agente público, porque tem a questão da conscientização e de pertencimento das pessoas. Precisamos envolver a comunidade para que ela participasse da solução. Logo na minha chegada na Subprefeitura Ipiranga tivemos uma das maiores chuvas dos últimos anos. Tive que aprender muito em poucas horas para encaminhar uma solução. Foi uma experiência triste por tudo que aconteceu, mas como gestor público me engrandeceu demais. Logo em sequência tivemos uma reintegração de posse em Heliópolis que foi bastante complexa pela própria geografia do lugar. Na Vila Prudente cheguei no início da pandemia e para manter a gestão naquele cenário inicial tivemos que nos adaptar e organizar o novo normal. Aqui na Lapa vamos fazer uma gestão exemplar, mesmo com os desafios que virão, pois estamos preparados para isso. Entre as realizações fizemos a revitalização do entorno da árvore mais antiga da cidade no Ipiranga, algo de impacto não só local, mas simbólico para a cidade. Também tivemos interações de zeladoria e cultura com a criação do Beco do Ipiranga, que foi uma experiência muito legal. Mas a marca principal nas duas subprefeituras foi a de trazer a participação da comunidade e sempre manter as portas abertas. Isso ajudou a solucionar problemas antigos e a entender as demandas.
JG: Já tinha alguma relação com a Lapa antes de vir para cá como subprefeito? Como foi feita essa escolha?
CL: A escolha partiu do prefeito Bruno Covas. Ele considera a Lapa uma das prioridades da gestão e fui prestigiado por ele ao me colocar aqui depois de duas experiências boas. Tenho uma relação muito íntima com a Lapa, me formei aqui na Escola Ferroviária que fica na Vila Anastácio (Senai Engenheiro James C. Stewart) conheci minha esposa na Lapa, meu primeiro emprego foi aqui (como instrutor no Senai), meu filho foi registrado na região. Não moro aqui, mas tenho uma história e marcos que me permitiram ter vivências na Lapa.
JG: A Lapa tem perfis de moradores variados. Como administrar essas diferenças?
CL: Isso é semelhante ao Ipiranga, sendo que perto do museu temos uma classe média alta e temos a maior comunidade da cidade, segunda maior do país, que é Heliópolis dentro do mesmo território e acredito que há uma beleza em conseguir lidar com esses dois mundos, não do ponto de vista de achar bom, mas de compreender que são demandas distintas e que não tem uma mais importante do que a outra. Conseguir entender e dialogar com esses dois extremos é muito bom para a democracia. Cada território têm suas características e não dá para reproduzir o que fizemos no Ipiranga aqui, mas essa experiência trouxe ferramentas importantes.
JG: O Leo Santos teve como pautas centrais a sustentabilidade e a cultura. Quais serão as suas?
CL: Queremos manter o que foi feito pelo Leo, o foco em sustentabilidade e a cultura que é algo que também sou muito próximo. Quero manter e avançar os projetos de interação entre zeladoria e arte, com atividades que promovam a ocupação do espaço público quando isso for possível. Também tem a questão da mobilidade, até por conta da minha história. Temos aqui estações de metrô, de trem, o plano cicloviário, a operação urbana que envolve transporte e as próprias rodovias que são próximas. Trabalhei na Secretaria Estadual de Logística e Transportes então tenho proximidade com esse tema.
JG: Como pretende coordenar a zeladoria na região?
CL: O caminho que gosto de seguir é de ter a porta aberta e diálogo. Quanto mais rápido souber do problema, mais rápido podemos atender. Vamos reforçar essa relação com a sociedade civil organizada, com as entidades e utilizar a tecnologia para conseguir um melhor atendimento e logística de trabalho. Já fazemos isso com mapas de calor, com pontos de solicitação que chegam pelo 156 que nos permitem realizar mutirões localizados e diminuir as demandas de forma efetiva.
JG: Como avalia a gestão do prefeito Bruno Covas?
CL: Sou munícipe do Bruno Covas na cidade e ele é meu munícipe na subprefeitura. Em relação a pasta das subprefeituras, que é a que tenho mais condição de avaliar, ele conseguiu triplicar o orçamento de zeladoria na cidade, chegando a um patamar que tivemos somente na gestão do Kassab em 2009 e 2010. Foi um avanço notável, tanto é que em uma pesquisa eleitoral do Datafolha em 2020, a zeladoria apareceu como demanda mais importante para 4% da população, enquanto que em 2016 era 20%. Vivemos esse momento que é passar por uma pandemia, ele pegou Covid-19, descobriu o câncer e mesmo assim se manteve todos os dias trabalhando pela cidade. Se torna um exemplo para a gente de que, diante de todas as dificuldades, não podemos deixar de cuidar das pessoas e da cidade. Me sinto honrado por ele ter me escolhido para compor esse time mais uma vez em uma subprefeitura muito representativa como é a da Lapa, por seu território, por sua importância e por ser a subprefeitura onde ele mora.
JG: Tem planos políticos para outros cargos como o de deputado?
CL: Nesse momento o projeto é ser um bom subprefeito para a Lapa, reproduzir a boa gestão que fizemos na Vila Prudente e ajudar o Bruno Covas na gestão dele.
JG: Existe alguma obra maior que você planeja implementar na Lapa?
CL: Temos a possibilidade de ter recursos via fundos municipais ou de emendas parlamentares e podemos olhar para as obras de drenagem. Sabemos da importância de se apropriar desse assunto e falar com as secretarias de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano. A própria operação urbana e o PIU podem mudar muito as características de algumas regiões. Vamos priorizar o que entendermos como mais preponderante para fazer essa ponte, seja de emendas ou de recursos do tesouro municipal, para facilitar e viabilizar algumas dessas obras de grande porte, muitas que já estão previstas.