Retorno social

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Sabemos que de longe a melhor articulação é a que envolve o maior número de pessoas. Quando o poder público, as empresas e a sociedade civil dialogam e atuam de forma conjunta, os resultados tendem a ser melhores e mais rápidos.
Foi com essa visão que se criaram os termos de cooperação de praças, quando a zeladoria de áreas públicas passa a ser responsabilidade de empresas, caso da Praça Cornélia, ou mesmo de pessoas físicas.

É muito importante ver comunidades que estão engajadas, mesmo antes das intervenções do poder público, como é o caso da Água Branca onde moradores empenham esforços para preservar a área onde está previsto um parque linear. Já funcionando como área de lazer, o parque lindeiro ao Córrego Água Branca será um grande ganho para todos, moradores dos condomínios e da comunidade. Fortalecer essa vocação do parque é algo que já pode ser feito agora, enquanto se espera o avanço das grandes obras como as urgentes habitações de interesse social.

A questão da moradia é bastante problemática na cidade. Durante a semana vimos a manifestação das pessoas que ocuparam o Conjunto Habitacional Ponte dos Remédios, que queriam impedir a reintegração de posse, concretizada no dia seguinte. É grave o fato de que as pessoas para quem aqueles apartamentos seriam entregues, que os esperam há tantos anos, terem o que é seu de direito atrasado, porque outras pessoas tão ou mais desesperadas também precisam de um local para viver. Mais grave ainda é ver pessoas em situação de rua morrerem de hipotermia. Mesmo com o reforço de acolhimento, muitos ainda se recusam a receber o encaminhamento.

É possível apontar falhas na gestão pública e na privada, mas para solucionar os problemas mais graves é preciso pensar em modelos que envolvam todos. Precisamos que haja interesse para resolver os problemas de moradia, saneamento e até da desigualdade com a mesma intensidade que vemos para a concessão de equipamentos que podem ser lucrativos, como o Pacaembu. Muitos vão sentir saudades das emoções vividas no tobogã, mas o projeto após a concessão permitirá a coexistência de uma estrutura moderna com a histórica.

Sei que “não há almoço grátis” e que é natural que o investimento ocorra onde há um retorno previsto, mas precisamos pensar na cidade que queremos viver: onde pessoas não morrem de frio, onde um muro não segregue condomínios e comunidade, onde todos tenham moradia digna e onde o que é público é de todos e não de ninguém.

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