Um dos piores cenários é ter que escolher entre duas coisas muito importantes. O que deve ser priorizado: habitação ou sustentabilidade? Claro que para quem não vive em condições dignas, ter um lugar para morar é urgente. Por outro lado, a preocupação ambiental está longe de ser apenas um manual de boas práticas a serem implementadas em um momento conveniente. Já vivemos consequências graves e ações não podem mais ser postergadas.
As enchentes atípicas de Nova York que custaram vidas e a escassez hídrica por aqui não são apenas exceções climáticas fora do nosso controle. São sintomas do desequilíbrio ambiental e de anos de exploração e urbanização sem planejamento. Estamos diante de um risco grave de ter uma crise energética. Segundo a Aneel, 67% da energia gerada no país em 2021 veio das hidrelétricas. Mais do que contas ainda mais caras a partir do próximo mês, racionamento e apagões podem voltar.
Vivemos eternamente em uma situação de trocar o pneu com o carro andando, pois temos problemas graves demais para serem priorizados. Para exemplificar, essa semana tivemos um ato pedindo a manutenção do pátio de compostagem da Lapa. Uma estrutura importante demais para ser perdida, que evita que mais lixo vá para aterros sanitários. Sabemos do déficit habitacional que existe na cidade e que para aquele terreno estão previstas moradias da PPP da habitação. Temos consciência das necessidades urbanísticas dentro do nosso território, mas isso não pode ser feito perdendo um trabalho pioneiro e importante para toda a cidade.
Outra questão é a da necessidade de priorizarmos meios de transporte não poluentes e coletivos. Foi somente em 2019 que chegamos à marca de 100 km de extensão do metrô enquanto outras capitais como Londres, Tóquio e Madri tem mais do que o dobro disso. Ter um transporte rápido, capilarizado e que retira veículos das ruas não é só uma questão de desenvolvimento urbano, mas de qualidade de vida e saúde. Estamos vendo o avanço das obras da Linha 4-Laranja na região, algo que já deveria ter sido feito há muitos anos. No caso da Estação Sesc Pompeia, será que irá significar o fim dos alagamentos no trecho da Rua Venâncio Aires, onde não foram finalizadas as obras de drenagem? E não foi por falta de cobrança da sociedade civil que ano após ano questiona o porquê das obras da Operação Urbana Água Branca não avançarem.
Ainda estamos em uma pandemia que mobilizou governos, municipais, estaduais e federal para atuarem com urgência. Se o mesmo esforço não for empenhado para os projetos de interesse urbano e ambiental, nossa vida será cada vez mais difícil e precária.