É um alívio a campanha de vacinação para crianças começar em sua plena capacidade. Um alívio porque precisamos de todos vacinados para que a Covid-19 perca força e torne-se menos letal. Isso já está acontecendo, mesmo com a grande transmissão que está em andamento. A vida volta a se tornar mais próxima do normal e os prejuízos, especialmente para crianças que passaram dois anos em casa, podem ser minimizados.
E por falar em normalidade, o que é normal mas não deveria ser é a temporada anual de alagamentos e quedas de árvores no período de chuvas. Todo ano a mesma história. É sabido que a necessidade de manutenção e investimento em obras de drenagem são constantes e urgentes. Mesmo assim o impacto acontece todos os verões, quase que como uma data fixa no calendário da cidade.
Também é preocupante ver as consequências de projetos parados que já deveriam estar prontos ou avançados. Vimos durante a semana o alagamento no canteiro de obras da estação Sesc Pompeia da Linha 4 – Laranja do metrô. A ampliação da rede metroviária na nossa cidade é muito necessária e compensa todos os transtornos que a obra pode causar. Invariavelmente o metrô valoriza os imóveis do entorno, ainda mais na crescente cultura de não se ter um carro próprio. Mas é impensável ter uma estação que vai parecer uma piscina já que o local historicamente acumula água.
Não precisava ser assim já que aquele trecho específico integra o projeto de drenagem da Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB), que não foi finalizado. Para a linha funcionar, uma solução deverá ser encontrada. Só esperamos que não aconteça o tradicional jogo de empurrar responsabilidades entre Prefeitura e Governo do Estado, já que estamos em ano eleitoral. Há ainda o questionável mecanismo de concessão de áreas públicas que está acontecendo em toda a cidade, incluindo áreas da OUCAB. Uma forma de se conseguir mais dinheiro em caixa, mas a que custo? Talvez o de atrasar ainda mais os projetos que deveriam ter saído do papel e de oferecer títulos precários que podem ser alterados em qualquer mudança de gestão.
E mesmo com tudo que se repete e que precisa melhorar, nossa caótica São Paulo continua sendo um dos lugares mais interessantes para se viver. Pode não ser uma cidade tão tecnológica como Seul ou Tóquio, não ter a civilidade de Toronto ou Ottawa, o charme arquitetônico de Barcelona, Amsterdã ou Paris, mas é uma cidade rica em cultura e em pessoas apaixonadas, dispostas a se mobilizar para tornar sua rua ou bairro melhores. O progresso que queremos se constrói no dia a dia.