100…muito ou pouco?

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Um assunto levantado na reunião entre associações e o vereador Delegado Palumbo foi se era possível mobilizar cerca de 100 pessoas em um protesto para uma das demandas discutidas. A resposta é não. Não é fácil encontrar 100 pessoas dispostas a ir fisicamente até um local demonstrar sua insatisfação. Ao contrário do que acontece nas redes sociais e grupos de WhatsApp onde encaminhar uma mensagem para milhares de contatos é fácil.

Temos problemas que afetam muito mais do que 100 pessoas e deveria haver um interesse maior de participar das resoluções. Em um universo de mais de 300 mil habitantes da Lapa, 100 é um número pequeno. O que não é insignificante é ter cerca de 100 barracas no canteiro da Avenida Doutor Gastão Vidigal. Essa quantidade de moradias inadequadas é um indicativo relevante dos problemas sociais que temos.

Já quando pensamos em tempo, 100 meses, o equivalente a 8 anos, é um tempo considerável se formos pensar que é quase isso que o CDC da Rua Sepetiba está fechado, sem uso. O que antes era um clube da comunidade foi prometido para dar lugar a uma UBS. Projetos foram pensados para ativar o local, como uma instalação provisória de atendimento, em uma espécie de contêiner, que após críticas não foi levado adiante. Mas em sete anos uma solução já não deveria ter sido encaminhada?

E a Travessa Roque Adóglio, com seus cerca de 200 metros de extensão, pode parecer pequena considerando os 6,3 km² do distrito de Perdizes, mas foi alvo de um grande debate após ter sido palco de um evento com fins comerciais. A passagem é cuidada há muitos anos por moradores e coletivos, que cobram melhorias e não deixam intervenções prejudiciais acontecerem por lá. Por mais que a ação que motivou a discordância tenha envolvido artistas e atividades para crianças, a falta de diálogo com quem já se estabeleceu naquele espaço foi um anti-marketing.

Os números, quando falamos em gestão pública, são facilmente relativizáveis. Contratos assinados envolvendo quantias na ordem de milhões de reais deveriam despertar o interesse de mais do que 100 pessoas. Já os governantes deveriam considerar as demandas de forma qualitativa, mesmo que a quantidade de evolvidos não seja expressiva. É errado ver um problema ser rapidamente atendido quando um grande canal de TV o denuncia ou um influenciador divulga sua reclamação na internet, e ignorar os abaixo-assinados com milhares de assinaturas de desconhecidos, que podem levar anos para conseguir o que desejam. Uma comunidade engajada consegue fazer o barulho necessário para conseguir o que quer. E isso é um fato concreto, não relativo como os números.

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