Assumir a edição de um jornal no modelo tradicional – ou seja, em papel – na era da informação digital via redes sociais e Internet é um grande desafio. De forma instantânea, na tela do celular, as notícias hoje chegam a nós pelos grupos de WhatsApp, pelo Instagram, Twitter, Tik Tok e tendemos a tomá-las como verdade absoluta, considerando que, ao lê-las e comentá-las, ficamos bem informados.
A curiosidade em ler ou ouvir aquilo que pessoas conhecidas com as quais nos relacionamos nesses grupos estão postando acaba por preencher nossa necessidade de informação e, assim, nos esquecemos que muito do que circula nos meios digitais são informações com conteúdo tendencioso e incompleto, que reflete apenas a opinião pessoal de alguém.
Na falta de tempo sequer para dar conta de ler a quantidade infinita de mensagens que nos chegam pelas redes sociais, muitas vezes desistimos de buscar a informação confiável, a notícia sob todos os ângulos, mesmo que seja na própria Internet. E, dessa forma, a realidade é que, apesar de ‘lermos’ muito, nos informamos muito pouco.
Essa sempre foi uma tendência do brasileiro: infelizmente somos um povo que tradicionalmente não está acostumado a ler. Mas, também é fato, quando tínhamos como meio de informação apenas o jornal e as revistas em papel a ‘chance’ de encontrar nesses espaços notícias melhor trabalhadas e um comentário mais elucidativo era bem maior. Os veículos se esmeravam para isso, no afã de oferecer aos seus leitores um conteúdo de qualidade, embora nunca 100% isento; até porque na alma do jornalismo, por maior que seja o cuidado com a apuração da notícia, não há como não prevalecer o olhar de quem escreve.
Trazendo essa discussão para a missão atual do jornalismo ‘de bairro’, por mais que as redes socias sejam uma ferramenta fundamental para divulgar e discutir os temas regionais, nos propomos – aqui – a ir além, usando esse conteúdo digital de maneira a aprofundar, no papel, as questões que são importantes para tornar nossa região um lugar melhor para todos os cidadãos que vivem nela.
Com a ajuda dos moradores da Lapa, Leopoldina, Perdizes, Pompeia, Jaguaré e região, meu objetivo, nesse novo desafio profissional, será identificar a notícia e, na medida do possível, explorá-la sob seus diversos ângulos. E, além disso, trazer as questões macro da cidade para o foco local, analisando de que forma elas terão impacto no dia-a-dia da população aqui da região. Para isso, espero contar com a colaboração de mais de 300 mil ‘jornalistas’, número que perfaz o total de habitantes da área compreendida sob a jurisdição da Subprefeitura Lapa. Essa missão só faz sentido com o engajamento de todos. Convite feito, é hora de arregaçar as mangas e trabalhar!