Seja nas conversas informais com moradores que encontro nas minhas andanças pela região ou na interlocução que mantenho com membros de entidades como CADES Lapa, Consegs e outras cujo objetivo é ajudar a cuidar dos bairros, o tom é sempre de um forte sentimento de insatisfação com o trabalho da Subprefeitura Lapa na questão da zeladoria urbana.
A percepção da população da Lapa, Romana, Ipojuca e Leopoldina é que o fato de a região ser a mais bem servida da capital em termos de áreas verdes – algo comprovado por uma pesquisa recente realizada pela TV Globo – não quer dizer que isso se traduza em qualidade de vida e boas opções de lazer para os moradores daqui.
A frase que eu mais escuto é ‘as praças estão muito mal cuidadas, com mato alto, árvores precisando ser podadas e acúmulo de lixo. Além disso, as calçadas e ruas estão esburacadas, oferecendo perigo aos pedestres e motoristas’. Tudo isso é fato e pode ser facilmente comprovado quando andamos pela região.
Fazendo o contraponto, a prefeitura divulgou recentemente o orçamento que será destinado às 32 subprefeituras da capital. À Sub Lapa coube o montante de R$ 40.2 milhões, o que, na visão do próprio subprefeito Marcus Vinícius Valério, não é pouco para cuidar de uma área com seis distritos e 40.1 km2. Na divisão desse bolo, a parte que caberá à zeladoria de áreas verdes chega a R$ 8.8 milhões, recursos que devem ser empregados em corte de grama e poda de árvores, essencialmente.
Tendo isso em vista, vale lembrar que estamos no início do ano, momento de planejar e traçar cronogramas para execução dos trabalhos ao longo do ano. O que vemos, no entanto, é que, a pretexto de preparar a região para o Carnaval e a passagem dos blocos, a subprefeitura abre mão, já nos primeiros meses do ano, de seguir o cronograma direcionado pelo serviço 156 e foca o trabalho de zeladoria nas áreas em torno de onde acontecerão os desfiles. Com isso, há demanda reprimida de cerca de 180 pedidos de poda, corte e limpeza, segundo dados da própria Sub Lapa.
As demandas voltarão, claro, a obedecer a ordem de chegada ao 156, mas só quando o Carnaval passar… Se é justamente em janeiro e fevereiro que o período de chuvas fortes acontece, fazendo o mato crescer mais rápido, isso não me parece lógico. O ideal, para um planejamento eficiente, seria que a subprefeitura destinasse recursos e equipes suficientes para que esse reforço de zeladoria no Carnaval pudesse ser feito em paralelo com as solicitações regulares. E mais ainda: que a cada começo de ano o corte de grama e a poda de árvores fossem intensificados de forma generalizada para que a população não sofresse tantos transtornos nessa época mais chuvosa.
Pelo que se vê, recursos existem. E ainda dá tempo desse dinheiro ser bem empregado ao longo de 2023. Pelo menos, é isso que se espera!