Segundo o último Censo da População de Rua da Cidade de São Paulo, que traz dados referentes ao ano de 2021, temos, no município, quase 32 mil pessoas em situação de rua. Fazendo o recorte aqui para a área da Subprefeitura Lapa, esse número é superior a mil, levando-se em conta aquelas pessoas acolhidas em sistemas de albergue da prefeitura e as que vivem efetivamente a céu aberto.
O Distrito da Leopoldina concentra o maior contingente de população vulnerável (444), seguido da Lapa, com 297, e da Barra Funda, com 201. Já os três outros distritos somam um número bem mais reduzido de moradores de rua: 81 no Jaguaré, 27 em Perdizes e 12 na Jaguara.
Com todo esse contingente de excluídos vivendo em nossas ruas, não é possível ficarmos indiferentes ao chamado da Campanha da Fraternidade 2023, que tem como tema a questão da fome no País. Nesse contexto, a CF deste ano conclama a sociedade e o poder público a olharem para a origem de tamanho drama: a falta de compaixão, o desinteresse de muitos e uma escassa vontade social e política de responder às obrigações internacionais, segundo aponta a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que, ao lançar o tema, cobra do poder público a implementação de políticas eficazes para a erradicação da fome.
Na época da pandemia, quando vimos aumentar a população de rua e o número de pessoas em situação de risco alimentar, o trabalho da prefeitura, em especial da Secretaria de Direitos Humanos, na região da Sub Lapa foi de extrema importância. Graças a iniciativas como o programa Rede Cozinha Cidadã, toda essa gente pode receber um prato de comida diariamente.
A promoção de programas assistenciais continua, tanto no âmbito do poder público municipal quanto de entidades da sociedade civil e da própria igreja. Também estas, com o agravamento do problema da fome e da insegurança alimentar, têm se mobilizado no sentido de organizar a distribuição de marmitas e sopões para aqueles mais necessitados.
Mas, como alerta a CNBB, “ações assistenciais são importantes na medida em que respondem a situações emergenciais, mas não podem ser as únicas no enfrentamento da fome”. A entidade nos lembra que “o faminto precisa, acima de tudo, recuperar a dignidade, o que só acontece quando lhe é devolvida a capacidade de ganhar o pão com o suor do seu rosto”. E, para isso, são necessárias políticas públicas para inserir ou reinserir essas pessoas na sociedade, com investimentos do Estado e ações de responsabilidade social das empresas.
Então, neste período de reflexão e disposição para a mudança propiciado pela Quaresma, o convite é para que façamos da solidariedade um projeto de vida – todos juntos e cada um de nós em particular! E a verificar todo o empenho demonstrado pela população aqui da região, que se uniu pelos menos favorecidos durante a pandemia e, agora, pelas vítimas dos desastres no Litoral Norte paulista, não nos falta boa vontade.