No jargão jornalístico, o ‘editorial’ é um espaço no qual um veículo de imprensa expressa sua própria opinião sobre fatos e questões relevantes para o público leitor, a partir da análise das informações expostas (de preferência de forma isenta) no restante de seu conteúdo. Mas, nesta edição, vou pedir licença a você, leitor, para usar esta coluna de uma forma não convencional. E o motivo – o leitor certamente irá concordar comigo – se justifica: homenagear as mães, no dia dedicado a elas, é algo maior e mais importante do que qualquer debate que diga respeito à Lapa e região.
Mas, para fazer tal homenagem com propriedade, eu teria que ter uma sensibilidade poética nas veias, algo que, infelizmente, me falta. De forma que, após remoer como poderia resolver a questão, decidi recorrer à imortalidade de quem, por muitos anos, encantou os leitores do JG com sua alma de poeta: Nereu Mello.
Até bem próximo de falecer, em 2012, Nereu cumpriu religiosamente com o compromisso de enviar, semanalmente, sua tão esperada crônica, que ocupava lugar de destaque no jornal. Uma das últimas foi, justamente, para homenagear o Dia das Mães. E é como mãe e como filha que, hoje, compartilho esse presente do nosso eterno poeta lapeano com todos vocês. Aproveitem!
TODAS AS MÃES DO MUNDO
“Abençoadas, benditas, louvadas e amadas sejam todas as mães do mundo! Elas foram o relicário do mais extraordinário milagre de todo o Universo: o ser humano!
Que as bênçãos de Deus recaiam sobre as mães negras, sobre as mães brancas, sobre as mães amarelas, sobre as mães índias, sobre as mães mulatas, sobre as mães jovens, sobre as mães mais idosas, sobre as sãs e as doentes, sobre as vivas e sobre as mortas!
Sejam enaltecidas em prosa e em verso, em cantos e canções, em livros e partituras, pelas vozes de todos os filhos do mundo!
Por minha boa mãe e por sua boa mãe, por nossas mães adoradas, e pelo seu amor imenso e sem rival, louvemos o Criador das estrelas e dos planetas, das galáxias e das infinitas escuridões do espaço e louvemos pelo milagre de nossas mães nos terem gerado no sacrário de seu corpo, transmitindo-nos o segredo de nós próprios nos reproduzirmos e criarmos novas terras e novos céus pelo espaço sideral mais próximo.
Flores e guirlandas, beijos e abraços, preces e saudades, risos e lágrimas, amor eterno às mulheres que foram, são e serão as mães da Humanidade pelos séculos dos séculos.
… e que o nosso louvor se estenda ao homem que nossa mãe amou e que permitiu o renascimento de nossas almas imortais no caminho de volta à Casa do Pai Celestial!”