No exato momento em que os debates acalorados em torno da revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade mobilizam a opinião pública, a região da Subprefeitura Lapa vive, como mostramos em reportagem nesta edição, momentos distintos no tocante ao planejamento do desenvolvimento local.
Se, por um lado, podemos ressaltar a importância da sanção, pelo prefeito Ricardo Nunes, do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Vila Leopoldina, por outro temos de lamentar a letargia que toma conta da Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB), lei cujas origens remontam a 1995, na gestão do prefeito Paulo Maluf, com revisões realizadas em 2013 (gestão Fernando Haddad) e 2021 (gestão Ricardo Nunes).
Em sua concepção, essa intervenção urbana previa um conjunto de grandes obras: novas galerias para as bacias do Córrego Sumaré e Córrego Água Preta; a construção de 630 moradias para famílias das comunidades Sapo e Aldeinha; além do prolongamento da Avenida Auro Soares de Moura Andrade (hoje rebatizada como Avenida Mário de Andrade) até a Avenida Santa Marina.
No entanto, 28 anos e nove prefeitos depois, somente a obra de drenagem foi parcialmente concluída em 2016 – faltando ser construídos 1.200 metros de galeria na bacia Água Preta – e, ainda assim, entregue com vício de construção refletindo nos ainda frequentes alagamentos nos baixos do Viaduto Antártica e Rua Palestra Itália. A obra mal executada consumiu, em valores de 2016, mais de R$ 130 milhões. Reparar os erros terá um custo superior a R$ 30 milhões.
A construção das moradias sociais ainda é sonho para as famílias das duas favelas, arrastando-se em etapas burocráticas e legais. Por sua vez, o prolongamento da Avenida Mário de Andrade, importante intervenção para desafogar o trânsito pesado na região da arena Allianz Parque, voltou a travar depois que engenheiros encontraram graves problemas para execução de transposição viária na altura da Avenida Santa Marina. Ainda não se sabe qual a solução a ser adotada para superar essa barreira.
O prefeito Ricardo Nunes foi, reconhecidamente, firme e resoluto para destravar, politicamente, as amarras que, por sete anos, travaram a aprovação do PIU Leopoldina no Legislativo. Esperamos, agora, que ele, ciente da morosidade nas obras da Operação Urbana Água Branca, com os mesmos empenho e vigor, cobre de seu secretariado ações efetivas e céleres de modo a romper a inércia das obras dessa importante e fundamental intervenção urbana aqui na Zona Oeste.