Catástrofe anunciada

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Lucila Lacreta, arquiteta e urbanista, é conselheira do Movimento Defenda São Paulo

 

Liberar construções que aumentem o nível de impermeabilização do solo resulta em gravíssimas consequências para a cidade como um todo, a começar por enchentes e instabilidade das construções. Isso pode ser facilmente demonstrado pela própria história da implantação dos bairros Jardins, tombados em 1986, e por conceitos fundamentais do urbanismo.

No início no século passado, quando praticamente não existiam normas urbanísticas em São Paulo, foi preciso criar regras especiais e restrições de uso desenhadas para respeitar a fragilidade do lugar. As limitações do solo não mudaram, continuam as mesmas. O que mudou é a visão estreita e imediatista que ameaça a qualidade de vida da cidade inteira. Trata-se de uma campanha orquestrada por um pequeno grupo de interessados em vender seus imóveis pelo maior preço, no mais curto prazo.

Mesmo sendo um conceito fundamental, ensinado reiteradamente nas escolas de urbanismo, o respeito às condições físicas do solo tem sido violado por interesses econômicos e políticos. É essa a causa das tragédias e catástrofes decorrentes de intervenções construtivas. A catástrofe, portanto, é a própria elaboração de regras permissivas que atendem a interesses imediatistas.

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