A hora do diálogo

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Após o início, em outubro do ano passado, das obras para transformar a Praça Marechal Carlos Machado Bittencourt, na Barra Funda, em um campo de futebol aberto à população, nos chega agora a notícia de que a obra foi suspensa por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo. Em jogo está a preocupação com a preservação ambiental da região, que banhada pelo Córrego do Curtume e por estar próxima ao canal do Rio Tietê é propensa a alagamentos. De acordo com o parecer do Ministério Público, acatado pelo TJSP, o laudo fornecido pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente autorizando o manejo das mais de 300 árvores que existiam na praça e a substituição por gramado sintético não garante que a drenagem do terreno será eficaz.
O projeto é de responsabilidade da Secretaria de Esportes, que, por sua vez, garante que a grama utilizada dará conta da drenagem e que a remoção das árvores foi feita respeitando os termos de compensação ambiental.
Mesmo assim, a questão tem dois lados. Quem defende a transformação da praça em equipamento público para o lazer e a prática de esportes tem a seu favor o fato de uma cidade do tamanho de São Paulo ainda contar com poucas opções que se prestam a esse tipo de atividade, principalmente nos bairros mais periféricos. Com um novo campo de futebol, que vai contar com infraestrutura completa de banheiros, vestiários e lanchonete, muitas crianças e jovens vão poder brincar e se divertir, utilizando uma área que estava degradada para algo saudável e produtivo.
Já aqueles preocupados com os riscos ambientais estão certos ao argumentar que praças não devem ser destruídas – em especial em um local que conta com tão pouca cobertura arbórea -, pois são áreas preciosas para a cidade e que cumprem a função de mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Das 254 praças distribuídas pelos seis distritos da Subprefeitura Lapa, apenas 16 hoje se localizam na região da Barra Funda, o que confirma a necessidade de se preservar o verde na região.
Nesse caso, um denominador comum que atenda às duas partes só será obtido com diálogo franco entre todos os envolvidos, algo que ainda não aconteceu. Este momento em que a obra está suspensa pode ser propício para que, sentados à mesma mesa, sociedade civil e poder público conversem sobre alternativas que unam lazer sem prejudicar o meio ambiente. É dessa forma que São Paulo caminhará, definitivamente, rumo ao desenvolvimento sustentável e à melhoria da qualidade de vida de sua população.

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