Em cartaz até 3 de março na Casa de Cultura do Parque, a exposição fotográfica ‘Solo Fraturado’ exibe os registros da artista visual multimidia Sonia Guggisberg feitos durante a crise hídrica da Represa Jaguari, do Sistema Cantareira, em 2014. Entre fotografias e vídeos que a artista dispõe em uma parede instalativa, revelam-se ao público imagens inéditas de sua pesquisa.
A água e a crise climática sempre estiveram presentes na produção de Sonia Guggisberg. Desde sua exposição ‘Lençol Freático’ no CCBB-SP até a instalação ‘Ilhas Secas’, que viajou por diferentes países na Exposição Examples to Follow, com curadoria da alemã Adriennne Goehler. Hoje, Sonia se vê cada vez mais implicada no tema. “Meu objetivo como artista é coletar documentos e produzir obras artístico-documentais, evidenciando a violência que é imposta às pessoas refugiadas e consequentemente, o apagamento cultural forçado”, diz.
“Iniciei minha pesquisa pensando no redesenhar das identidades que este trânsito humano provocaria”, conta Sonia. “Foi uma imersão no tema das migrações contemporâneas de 2014 a 2019, em que eu passei a realizar uma série de viagens a campos de refugiados coletando imagens e testemunhos, acompanhando a vida de pessoas nos campos de Malta, Lampedusa e Grécia, como Skaramanga em Atenas e Katsikas na fronteira da Macedônia.”
Também em cartaz na Casa com uma obra inédita, Ester Grinspum apresenta uma instalação contemplativa chamada ‘A Cena’, cuja beleza está no observar diante de si uma cena moldurada por uma grande estrutura de aço que surpreendentemente apresenta a linearidade orgânica de um desenho, em um jogo que a artista elabora entre escultura e traçado, resistente e maleável, força e vulnerabilidade.
Este trabalho dá continuidade à linha abstrata e poética da artista, com obras que demandam e provocam introspecção. As mostras podem ser vistas de quarta a domingo, das 11 às 18 horas.
No dia 24 de fevereiro, às 16 horas, a Casa de Cultura do Parque promove uma conversa entre Sonia e a desenhista e escultora Ester Grinspum, mediada pela curadora Ana Avelar. Antes da conversa, será exibido o filme Espera (2018), também produzido por Sonia Guggisberg. Trata-se de um curta-metragem que se passa em um campo de refugiados na Grécia, em que as histórias sobre migração convergem em uma espera por uma solução e uma vida melhor. “A exposição Solo Fraturado, apresentada na Casa de Cultura do Parque, aponta para a crise ambiental e hídrica e, ao mostrar o filme Espera (2018), a ideia é aproximar o tema sobre as migrações climáticas, ou seja, falar sobre os deslocamentos humanos provocados pelas crises ambientais”, explica Sonia.
A entrada é gratuita. A Casa de Cultura do Parque fica na Av. Prof. Fonseca Rodrigues, 1300 – Alto de Pinheiros.