Prestes a completar 30 anos no próximo mês de maio e com quase R$ 1 bilhão em caixa, a Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB) continua sendo uma lei com baixíssimo cumprimento de seus artigos mais antigos referentes a obras de drenagem, habitação social e viário.
Na reunião do Conselho Gestor da OUCAB realizada no dia 31 de março, essa percepção ficou bastante clara. A represente da SP Obras, Antônia Guglielmi, fez um resumo das intervenções em andamento, evidenciando o descompasso da gestão pública diante do cumprimento da lei.
Quanto à drenagem dos Córregos Água Preta e Sumaré, os impasses persistem. A construção das gigantescas galerias, entregues em 2016 a um custo de R$ 178 milhões (mais de R$ 388 milhões a valores de hoje) esbarrou em problemas de concepção técnica e não resolveu o problema das enchentes na região da Pompeia. Ao falar sobre as atuais obras complementares de drenagem nas duas bacias, Antônia informou que houve avanços, junto à diretoria do Metrô (Estação SESC Pompeia) para a consolidação do projeto de intervenção no córrego da Água Preta. Segundo a representante da SP Pobras, “a Linha Uni, concessionária do Metrô, é que irá construir esse trecho (junto à futura estação)”. O restante do projeto é de responsabilidade da Prefeitura que fará uma licitação para essa obra. “A expectativa é de que a Linha Uni entregue o seu trecho em maio de 2026. A prefeitura entregará um pouco depois (até dezembro)”. Já no Córrego Sumaré, o entrave para as obras de complementação é jurídico, com suspensão do contrato de projeto.
A ampliação da Avenida Mario de Andrade (antiga Mario Soares de Moura Andrade), prevista na redação da lei em 1995, também não sai do papel e o que era um simples projeto viário sem grandes dificuldades de implementação, hoje esbarra num enorme problema: as novas obras ferroviárias da CPTM e Metrô. Persiste a espera de pareceres da SP Urbanismo sobre esse item. “No projeto está previsto o prolongamento da avenida até a Rua Joaquim Ferreira, com transposição até a Avenida Santa Marina, o que era para ser feito por túnel e já não é considerado viável por conta das obras nos trilhos”, afirma a conselheira Jupira Cauhy, representante dos moradores e trabalhadores do perímetro da OUCAB.
“Agora se fala em solução viaduto, o que não consideramos aceitável. Nossa proposta é que seja feita a ampliação até a Rua Joaquim Ferreira, deixando para mais tarde a decisão sobre a transposição”, acrescenta Jupira.