Uma das regiões com grande valorização na cidade, Perdizes e Pompeia seguem, há décadas, convivendo com problemas de enchentes. E isso é algo que preocupa cada vez mais diante da perspectiva de adensamento urbanístico cada vez maior em toda essa área provocado pelas atualizações do Plano Diretor Estratégico e da Lei de Zoneamento.
Mesmo assim, as obras de drenagem e ampliação de viário previstas da Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB), consideradas fundamentais para resolver a questão dos alagamentos, vêm se arrastando há exatas três décadas. Em todo esse período, o que houve de concreto foi a construção, com início em 2013, durante do governo Haddad, de duas novas supergalerias nos córregos Água Preta e Sumaré, em um projeto orçado à época em R$ 143 milhões.
Ambas serviriam para dar um incremento de vazão às águas das chuvas. Entretanto, as galerias, concluídas em 2016, não resolveram a situação por completo. Segundo um detalhado estudo divulgado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) em 2019, a solução para se evitar as enchentes na região passa pelas obras complementares de drenagem dos córregos Água Preta e Sumaré.
Hoje a OUCAB possui em caixa a ‘gorda’ quantia de quase R$ 1 bilhão. Sendo assim, não seria o caso de, finalmente, ‘destravar’ as obras necessárias e concluir a operação? De acordo com a SPObras, a elaboração dos projetos básicos e executivos para a drenagem complementar das bacias dos córregos Água Preta e Sumaré está em andamento e a previsão é que as licitações aconteçam ainda este ano. Outras quatro intervenções como os reservatórios da Praça Irmãos Karman, Caiubi, Venâncio Aires e Praça Rio dos Campos estão previstas no Plano de Ação 2025-2040 da Siurb.
Embora essa seja uma perspectiva positiva, cabe salientar que não é de hoje que o caixa da Operação Urbana Água Branca vem ‘engordando’. E isso graças ao rendimento do fundo da operação mantido com dinheiro de outorga onerosa, que se acumula enquanto as obras continuam no papel!
Isso é algo, no mínimo, descabido, fruto de uma inércia e burocracia por parte do poder público, que os moradores não conseguem quebrar mesmo com a luta que travam há 30 anos para fazer valer a lei da OUCAB.
Passado tanto tempo, é preciso que a Operação Água Branca se torne página virada. Só assim um novo capítulo no desenvolvimento urbano da região poderá ser escrito.