O verdadeiro papel dos parques

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Quando o assunto é a concessão à iniciativa privada, pela Prefeitura, da gestão dos parques da Água Branca e Villa-Lobos as opiniões, invariavelmente, são controversas. Há os que criticam, por entender que a administração privada está descaracterizando o uso desses parques, e há aqueles que consideram a iniciativa positiva, enfatizando que a concessão cria a oportunidade para que os espaços públicos sejam mais bem conservados.

Como usuária desses dois espaços há mais de 25 anos, acho que o modelo de concessão dos parques municipais hoje em execução precisa ser aprimorado.

Na teoria, a lei que estabelece a transferência da gestão desses espaços ao privado, que passa a ter como função administrar, operar e manter os parques, visa melhorar a infraestrutura, gerar empregos e tornar mais sustentáveis financeiramente essas áreas. Mas, na prática, tem faltado o entendimento das concessionárias (e também do poder público), principalmente, sobre o que é “tornar mais sustentável financeiramente” a gestão dos parques.

Tempos atrás, quando eu levava minha sobrinha no Parque da Água Branca, nos divertíamos vendo as exposições de cavalos e comendo cachorro-quente e algodão doce vendidos nos carrinhos que ficavam próximos à arena de eventos. E essa movimentação, apesar de atrair público, não impedia os pavões e patos de usufruir do parque, nem interferia em sua vegetação nativa. Ou seja: havia diversão, entrava recursos, mas o Parque da Água Branca não era descaracterizado! Hoje, temos uma churrascaria funcionando em um espaço tombado e uma grande área de vegetação, que acolhia os animais, afetada pela infraestrutura montada para receber a CasaCor.

Também, muitas vezes, levei minha filha, enquanto era pequena, fazer piquenique no Parque Villa-Lobos, sem ter que pagar nada por isso e sem restrição de espaço. Hoje, uma parte dos jardins do parque está fechada para o uso de eventos privados pagos.

Na verdade, não acho que esse tipo de iniciativa, que tolhe espaços de quem apenas quer passear pelos parques para ceder a quem paga por um serviço privado, seja a melhor forma de sustentar financeiramente uma área de lazer. Parques, no meu entender, não são espaços para dar lucro. E muito menos para encher os bolsos de uma empresa privada.

Portanto, é fundamental que a Prefeitura exerça um papel de fiscalização rigoroso sobre a empresa concessionária, garantindo que as obrigações contratuais sejam cumpridas e que o parque continue sendo um espaço público acessível e de qualidade para todos. A concessão é uma ferramenta que pode trazer benefícios para a cidade, a população e o meio ambiente, desde que seja realizada de forma transparente.

 

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