Um problema sério de zeladoria toma conta dos bairros da gente e escancara a fragilidade do sistema de limpeza urbana centrado num novo modelo de concessão que deixa muito a desejar.
Na quarta-feira, 19, a reportagem deste jornal, atendendo a um chamado do padre Raimundo da Silva, pároco da Paróquia São João Maria Vianney, foi verificar de perto a situação da limpeza na Praça Cornélia. Encontramos, por volta das 15h, um cenário desolador, com lixo espalhado por todos os cantos, escancarando a ineficiência dos serviços de responsabilidade da Prefeitura e da concessionária Inova.
As folhas varridas pelos zeladores da praça foram deixadas pelos cantos por conta da falta de um elemento básico: sacos de lixos. Já os containeres verdes destinados à coleta seletiva tinham sua função descaracterizada, pois havia lixo, boa parte dele não reciclável, jogado no chão. Ao problema de zeladoria, juntava-se um outro: a exclusão social, com moradores em situação de rua dormindo junto aos containeres ou próximo ao jardim.
O lixo fora do lixo e a precária prestação de serviços públicos por parte da Prefeitura ou sob responsabilidade da concessionária é visível não só na Praça Cornélia como também em vários outros lugares. Este jornal já recebeu reclamações de moradores de bairros, como Alto da Lapa, Vila Ipojuca, Vila Leopoldina, Vila Hamburguesa, entre outros.
Fica evidente que o atual sistema de varrição não está funcionando e precisa de ajustes em caráter de urgência urgentíssima. A Prefeitura diz que aplica multas às concessionárias que não cumprem com suas obrigações contratuais. No caso da Inova parece não bastar esse tipo de punição, pois a sujeira nas ruas e praças cresce a cada dia e continua incomodando e deixando revoltado quem efetivamente enche os cofres da empresa: o cidadão contribuinte.
É preciso que a Prefeitura se manifeste oficialmente sobre o descaso da Inova em relação à limpeza pública, endurecendo, nos limites da lei, um jogo em que a população perde de goleada para referida concessionária. Dada à gravidade do problema, tal manifestação deveria ser feita pelo próprio prefeito Gilberto Kassab.
Caso visitasse a região da Sub Lapa, Kassab não teria outra alternativa: ser enérgico e determinar mudança radical no sistema, cujo contrato com várias concessionárias chega a R$ 2,2 bilhões. Por hora, podemos dizer que se trata de muito dinheiro gasto nos serviços ineficientes da Inova.