A pouco mais de 60 dias da eleição para prefeito, vem da Sub Lapa, mais especificamente do Jardim Humaitá (Leopoldina), preocupante constatação: a cidade de São Paulo não dispõe de um plano de contingência para acolher pessoas em situação de emergência. Após incêndio que, na sexta-feira, 27, destruiu mais de 100 barracos, deixando 400 pessoas desabrigadas, a Prefeitura colocou em prática uma operação que apresentou sérios problemas. Do total de pessoas atendidas, 96 não tinham para onde ir. Sem contar com estruturas próprias para esse tipo de situação, a municipalidade optou por transformar o Clube Escola Pelezão em abrigo improvisado. A ideia da Prefeitura era colocar as 96 pessoas nos vestiários do complexo aquático do clube do Alto Lapa. Feita a proposta, a maioria recusou a “generosa” oferta e o Pelezão acabou recebendo 30 pessoas, sendo 11 crianças, a menor, com dois anos de idade.Ao conversarem com a imprensa, pais e mães usam, repetidas vezes, o termo humilhação. Dizem que, embora morando em barracos, procuravam viver com dignidade, mas que o vestiário de um clube oferecido como moradia os coloca numa situação humilhante. Como os desabrigados do Humaitá devem permanecer no Pelezão por pelo menos 20 dias, convidamos cada um dos candidatos à sucessão de Gilberto Kassab a ver de perto como é que a Prefeitura lida com situações de emergência. No vestiário masculino foram colocados os homens. No feminino ficaram as mulheres e crianças. Colchões com cobertores espalhados pelo piso frio servem de cama. Um Clube Escola carrega em si uma enorme carga simbólica de inserção social a partir da junção entre esporte e educação. Educar significa, entre outras coisas, dar exemplo e indicar caminhos seguros. Mas que exemplo nos dá uma Prefeitura que não tem como abrigar de maneira adequada 30 pessoas? Que caminho ela nos aponta ao deixar que uma criança de dois anos durma em colchões colocados no piso frio de um vestiário? Quando falamos em Prefeitura, não nos referimos ao mandatário do Viaduto do Chá, 15. Falamos do Poder Público Municipal, colocado democraticamente, a cada quatro anos, nas mãos de gestores ungidos pelas urnas. Ao longo das últimas décadas nenhum deles foi capaz de dotar a cidade de um “abrigão” para ser usado em situações de emergência e muito menos de colocar em prática uma política social efetivamente inclusiva e, de fato, humana.
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