Semanas atrás, neste espaço, destacávamos a importância da construção, no âmbito da gestão municipal, de uma política de manutenção dos bens públicos como forma de preservar adequadamente equipamentos de uso coletivo.
A queda de parte da mureta de proteção da Ponte dos Remédios – importante porta de entrada para a região da Vila Leopoldina e imediações -, na madrugada da quarta-feira, 23, nos leva a retomar o tema. Construída no final dos anos 60, a ponte faz parte do sistema viário da Marginal Tietê, interligando as ruas Silva Airosa e Major Paladino, no bairro da Vila Leopoldina (região da Avenida gastão Vidigal – Ceagesp) à Avenida dos Remédios, na cidade vizinha de Osasco.
Em 1997, com a estrutura dando sinais de comprometimento (rachadura aparente de 15 cm entre as vigas), a Prefeitura (gestão Celso Pitta) realizou reformas importantes, o que levou, inclusive, à interdição do viário (392 metros de extensão e duas pistas de tráfego, com largura total de 24 metros) por várias semanas, com reflexos negativos no sempre conturbado trânsito das Marginais. Foi a primeira intervenção de grande porte realizada desde sua inauguração.
Em 2005, estudos do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaeco) apontavam que várias pontes e viadutos da cidade de São Paulo estavam com prazo de validade vencidos, necessitando de reformas urgentes. Entre as estruturas comprometidas, o Sinaeco elencava a Ponte dos Remédios.
A Prefeitura de São Paulo afirma que já investiu cerca de R$ 120 milhões em serviços de reparos, manutenção e reforço estrutural de 27 obras da cidade entre 2006 a 2011. Mas técnicos do Sinaeco e do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Estado de São Paulo entendem que o sistema de manutenção adotado pelo poder público é frágil e que a falta de políticas adequadas nesse sentido acabam resultando em incidentes como o da Ponte dos Remédios.
São várias as pontes e viadutos que cortam a cidade de São Paulo. Muitas cruzam justamente os 40,1 km² correspondentes à área da Subprefeitura da Lapa. Quem garante aos contribuintes paulistanos que essas e demais estruturas viárias sobre rios, ruas e avenidas não correm o risco de ceder? A pergunta, à espera de uma resposta convincente, é oportuna e inquietante. Diante da complexidade do problema em questão, cabe à Câmara Municipal, no papel de órgão controlador das ações do Poder Executivo (exercido hoje pelo prefeito Gilberto Kassab), cobrar da Prefeitura explicações sobre a política de manutenção das pontes e viadutos da cidade. Caso se constate, como supõem especialistas do Crea e Sinaeco, falhas no programa de manutenção dessas estruturas, cabe à Câmara exigir da Prefeitura a execução de medidas corretivas.