A agenda comunitária aponta para o dia 27 de agosto ato público que defenderá a reabertura do Hospital Sorocabana, fechado desde 1º de setembro de 2010. A iniciativa é de um grupo de parlamentares do PT e acontecerá a partir das 10h, em frente ao hospital da Rua Faustolo. Vale sempre lembrar que o hospital era a única referência do Sistema Único de Saúde (SUS) em toda a região da Subprefeitura da Lapa, com a oferta de serviços ambulatoriais (pronto-socorro), exames de diagnóstico, leitos para internações e maternidade. E mais. Por sua localização estratégica, junto às linhas Lapa da CPTM e do Terminal Lapa da SPTrans, o Sorocabana absorvia demandas vindas de outras cidades: Osasco, Franco da Rocha, Caieiras, Francisco Morato, entre outras. Esse perfil, por si só, mostra o tamanho do prejuízo no campo da saúde pública que a falência do complexo hospitalar da Rua Faustolo causa à população que faz uso do SUS.
No campo político, segundo declarações do prefeito Kassab, divulgadas com exclusividade na edição anterior deste jornal, existe, no momento, uma articulação entre governo estadual e municipal, tendo por objetivo a reabertura do hospital, no curto prazo. No Ministério Público, existem inquéritos abertos na Promotoria da Saúde e na de Patrimônio, ambas avaliando o nebuloso caso Sorocabana.
É olhando para essas situações distintas, porém complementares, que podemos avaliar a oportunidade do ato público proposto pelo PT. Embora organizado a partir de uma ação política, tal evento deve ser entendido como rara oportunidade para que a sociedade, independente de qualquer matiz partidária, se manifeste publicamente e envie para ao Ministério Público Estadual, ao prefeito Gilberto Kassab e, sobretudo, ao governador Geraldo Alckmin uma mensagem inequívoca: é inaceitável que, no espaço de 12 meses, tanto no âmbito municipal quanto no estadual, o aparato jurídico oficial não tenha encontrado uma saída legal capaz de devolver o Sorocabana à população.
De fato, soa estranho que uma situação como esta, na qual a saúde pública é vítima de gigantesco prejuízo, se arraste por tanto tempo sem que se apresente á sociedade uma solução concreta e viável. Igualmente soa estranho que até o presente momento a administração da Associação Beneficente Hospitais Sorocabana (presidência e superintendência), bem como o Sindicato dos Ferroviários da Zona Sorocabana, não tenham sido convocados para prestar, publicamente, esclarecimentos sobre a falência do hospital.
Por tudo isso, o ato público do próximo sábado, mesmo carregado de caráter político-partidário, reveste-se de particular importância, na luta pela reabertura de um hospital que tanta falta faz.