Todo mundo está com medo de ficar sem água até para beber. Na região de Perdizes uma senhora foi flagrada esta semana descarregando mais de 100 litros de água mineral para seu apartamento. A procura é tão grande que ficou difícil encontrar o precioso líquido até nas prateleiras de muitos supermercados.
Apesar de boa parte da população ter aderido à campanha da Sabesp (Companhia de Abastecimento Básico do Estado de São Paulo) de uso racional da água (com desconto para quem economiza), a crise assusta a cada notícia sobre o baixo nível de armazenamento de água (5,1 na sexta-feira) e a falta de chuva no sistema Cantareira (que abastece boa parte da Cidade).
A declaração de terça-feira do diretor da Sabesp, Paulo Massato que caso não chova o suficiente nas represas do Sistema Cantareira, pode ter rodízio de cinco dias sem e dois com água, fez a população usar a imaginação para garantir uma reserva em garrafas PET, baldes, cestos (de lixo) e em caixas d’água extras. Para se ter uma idéia, o dono de uma loja de produtos hidráulicos na Lapa, Alvio Malandrino, vendeu em três dias o estoque de caixa d’água de um mês.
A preocupação chegou aos prefeitos da região Metropolitana de São Paulo que se reuniram com o secretário estadual de Recursos Hídricos, Sebastião Braga, para discutir a crise. Braga entregou aos prefeitos, entre eles Fernando Haddad, um texto como sugestão para criação de uma Lei para multar quem desperdiçar água. Será alvo de fiscalização aquele que ainda usa a água para lavar calçadas e fachadas sem economizar. Se não for por bem, vai ser por multa, mas o texto ainda será debatido antes de ir para Câmara e virar Lei.
O problema de escassez não é só nosso. A falta de chuva atinge outros estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro. O governador do Rio, por exemplo, planeja ampliar a captação de água dos rios que nascem no Parque Nacional da Tijuca, na capital fluminense, como alternativa para reduzir a dependência da cidade em relação ao Sistema Guandu. Minas já cogita dentro de três meses adotar o racionamento, caso a situação se agrave mais.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) discutiu a crise hídrica com a presidente Dilma (PT) na sexta-feira (31), em Brasília. Alckmin disse que não há ainda nenhuma decisão em relação à implantação de um rodízio no uso da água no Estado de São Paulo. “Não há nenhuma decisão tomada, esse é um assunto tecnicamente que a Sabesp está avaliando, monitorando permanentemente”, disse Alckmin em entrevista.
Com o verão mais seco e quente que em anos anteriores, e com níveis dos mananciais mais baixos que no inverno passado, é imprescindível conscientizar quem ainda não acredita que a água é finita para ações que evite a exaustão do sistema. Por hora, a saída é economizar até a normalidade das chuvas.