Com mais de 50% de seu território inseridos no âmbito das chamadas Operações Urbanas (O.U), a região da Subprefeitura da Lapa, como já salientado diversas em reportagens publicadas neste jornal, passa e ainda passará por grandes transformações. Ao flexibilizar a aplicação de coeficientes de edificação, proporcionando assim um maior adensamento populacional, esses instrumentos de planejamento urbanístico, coordenados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, tendem a alterar radicalmente o perfil dos bairros da gente.
Sendo assim, o engajamento de moradores e empresários em debates sobre o alcance e desenvolvimento de cada O.U (em vigor ou em gestação no perímetro Sub Lapa) nos parece fundamental quando se trata de abordar a questão de qualidade de vida em bairros como Lapa, Leopoldina, Romana, Lapa de Baixo, Vila Pompeia e Jaguaré. Toda essa área está direta ou indiretamente envolvida na grande mancha territorial de três Operações Urbanas: Água Branca, Leopoldina-Jaguaré e Lapa-Brás.
Juntos, os bairros da Leopoldina e Jaguaré somam 50 mil habitantes. A O.U planejada para essa área prevê uma intensa verticalização atraindo para a região 180 mil novos moradores, o equivalente à população da cidade de Itu. Já no perímetro da Barra Funda, onde moram 25 mil pessoas, a Prefeitura prevê, com a reformulação da Operação Urbana Água Branca (com reflexos imediatos na Pompeia), um adensamento de 85 mil moradores. Como essa O.U. permeia em parte a futura Operação Lapa-Brás, a tendência é que tal incremento populacional seja muito maior, afetando diretamente a Lapa junto ao Mercado Municipal e a área contígua da Lapa de Baixo.
Conforme ficou claro no seminário Comunidade e Cidadania, promovido pelo Jornal da Gente na última terça-feira, as comunidades, quando convidadas a se manifestar sobre temas como a Operação Urbana Água Branca, não escondem suas preocupações a respeito do futuro dos bairros onde morram e/ou trabalham. As vozes que se levantaram num debate democrático, conduzido em alto nível de exposição de idéias, não se posicionaram contra o progresso da cidade. O que se firmou foi um contundente posicionamento indicando o que se quer enquanto cidadãos paulistanos: desenvolvimento que não esmague a qualidade de vida; desenvolvimento que se mostre sustentável do ponto de vista não apenas ambiental, mas também social, levando em conta as justas reivindicações das classes sociais menos favorecidas.
O importante, a partir de agora, é que se estabeleça o indispensável diálogo entre população, de um lado, e Câmara Municipal e Prefeitura, do outro. No âmbito do G-8, grupo de vereadores engajados com a região da Sub Lapa, dois parlamentares que acompanham de perto as Operações Urbanas – Police Neto e Paulo Frange – se comprometeram, publicamente, em garantir essa interface. O posicionamento de ambos, vale aqui registrar, sinaliza um momento importante: o do amadurecimento das relações da comunidade com as esferas políticas da cidade.