No final de julho último foi aprovado o novo Plano Diretor que promove uma verticalização sem precedentes nos novos Eixos de Estruturação Urbana em volta de 65 estações de metrô e ao longo dos corredores de ônibus e trens, podendo – por toda a cidade – construir prédios do padrão existentes na Avenida Paulista. Tudo isto sem projeto urbano e sem estudo ambiental que leve em conta as peculiaridades e limitações dos bairros por onde incidirá.
Além disso, no miolo dos bairros, poderão ser construídos prédios com altura máxima de 28m sem um plano de local, de Distrito ou mesmo um Plano Regional da Subprefeitura para controlar esta verticalização. Tudo a esmo, sem controle prévio, atendendo apenas o desejo do investidor imobiliário.
Agora, estamos na segunda etapa deste processo que é a revisão do zoneamento da cidade. Como se não bastasse, muitos bairros como os das Zonas Exclusivamente Residenciais que ocupam menos de 4% da área urbana, são verdadeiras reservas ambientais da cidade e as únicas áreas originalmente planejadas, estão sendo desestruturadas com a introdução de corredores comerciais recortando-os e impondo a perda da característica residencial, retirando-se o direito democrático e previsto em lei dos seus reais proprietários opinarem previamente sobre esta grande mudança. Inclusive, a Prefeitura propõe que alguns deles se transformem em Zonas Predominantemente Residenciais para total perplexidade de seus moradores. Tudo isto no interesse de quem?
Lucila Lacreta é Arquiteta Urbanista e diretora do Movimento Defenda São Paulo