Extremamente comunicativa, a subprefeita
 Soninha Francine não teve dificuldade alguma em conduzir sua primeira
 explanação pública, delineando, no dia 16, perfis da Sub Lapa e
 apontando para moradores e empresários as bases de seu trabalho. No
 entanto, a envolvente oratória da subprefeita da Lapa, uma vez
 analisada em seus pormenores, apresenta preocupante fragilidade. A
 primeira delas diz respeito à natureza dos projetos indicados como
 prioridades. Há de se separar, e isso Soninha não deixou totalmente
 claro, aqueles que podem ser tocados com as escassas verbas da dotação
 orçamentária da Sub Lapa (R$ 28 milhões disponíveis, sendo que R$ 15
 milhões estão comprometidos com pagamento de pessoal) e aqueles cuja
 execução depende de recursos a serem liberados pelas Secretarias
 Municipais. O prometido Parque Orlando Villas Bôas (Vila Leopoldina) é
 um bom exemplo. Sua efetiva criação não se limita apenas às ações
 levadas adiante pelos gabinetes da Guaicurus, 1000, mas sobretudo de
 verbas do Executivo Municipal capazes de garantir serviços como a
 descontaminação superficial e profunda do solo da área em questão. 
 Da mesma maneira, projetos como o Poupatempo Lapa, obras de
 macrodrenagem ou mesmo as ciclovias não dependem do orçamento regional,
 mas das diferentes secretarias municipais. Diga-se, ainda, que Soninha
 não revelou sequer os prazos para o início e conclusão dos projetos
 anunciados. 
 Para a gestora lapeana, os subprefeitos são como prefeitos de cidades
 do interior: têm que bater de secretaria em secretaria. Ex-vereadora, a
 subprefeita da Lapa sabe que terá, também, que bater na porta da Câmara
 Municipal para conseguir o apoio dos vereadores a importantes demandas
 comunitárias no âmbito da revisão do Plano Diretor e da efetivação das
 Operações Urbanas. Acontece que muitos parlamentares ainda não
 digeriram as críticas que a então vereadora Soninha fez, no ano
 passado, a seus pares no Legislativo paulistano. 
 Oratória séria e plenamente aceitável é aquela que não descola a
 mensagem a ser proferida da realidade dos fatos. Não foi isso que
 Soninha conseguiu transmitir na sua explanação do dia 16. Conversando
 com várias pessoas que ouviram a subprefeita falar, nota-se certa
 decepção com o conteúdo do discurso oficial. Isso talvez seja reflexo
 direto, daquilo que chegou aos ouvidos da subprefeita, conforme ela
 mesmo revela: as comunidades por aqui são articuladas. E por serem
 articuladas dispõem de um enorme e valioso espírito crítico. 
 
 




























