Ceagesp e sua mudança

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Esta semana, o prefeito Fernando Haddad reascendeu uma discussão antiga, a da mudança da Ceagesp da Vila Leopoldina para outro area próximo ao Rodoanel. A transferência, segundo ele, está em estudo pela administração municipal e governo federal, que na verdade é o responsável pelo entreposto. A declaração do prefeito causou estranheza porque a companhia não é municipal.

O anúncio de Haddad foi feito no mesmo dia do lançamento do projeto-piloto do Programa de Entrega Noturna que tem o objetivo de tirar os caminhões das ruas durante o dia, para melhorar a mobilidade urbana. E a Ceagesp tem um fluxo intenso de caminhões, cerca de 12 mil veículos circulam pelo local todos os dias. A saída da Ceagesp do bairro acabaria com o congestionamento de caminhões, causa de buzinaços, e reclamação dos moradores, entre tantos outros problemas que são creditados ao mercado, como a atração de moradores de rua, devido à abundância de alimentos que circulam todos os dias pelo local.

A ideia do prefeito é construir um novo centro de abastecimento por meio de Parceria-Público-Privada (onde a iniciativa privada constrói e explora por um determinado tempo os serviços e depois devolve ao governo).  Ao que parece, a Ceagesp (mais de 700 m²) também é uma pedra no caminho dos projetos do prefeito. A area fica dentro do Arco do Futuro, bandeira de campanha de Haddad, que tem o objetivo de criar eixos de estruturação de desenvolvimento na Cidade.

A mudança é uma discussão antiga, não surgiu com o prefeito petista. Em 2002, o então secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, João Carlos Meireles, chegou a anunciar a transferência do Entreposto da Leopoldina para a região do Rodoanel. Mereiles foi secretário da gestão do governador Mário Covas e Geraldo Alckmin (reeleito no primeiro turno das eleições desse ano). De lá pra cá, o mercado passou para o governo federal. Com poucos investimentos foi se deteriorando. Os permissionários reclamam da estrutura precária. Eles já tentaram desenvolver um projeto para construção de um entreposto privado, mas não evolui por falta de adesão dos comerciantes. A atual diretoria fez licitação para a modernização das portarias e do sistema de circulação. O início da cobrança de entrada acabou em quebra-quebra, em março.

A história mostra que não é simples a questão da central de abastecimento. A transferência da Ceagesp para outro local depende de muitos fatores. Um estudo da FIPE, encomendado pela Ceagesp, aponta alternativas para o futuro do mercado atacadista, que leve em conta questões como nova localização, ocupação do atual espaço físico e condições econômicas. Mas o grande problema é que a Ceagesp está em processo de exclusão do Plano Nacional de Desestatização (PND) cuja efetivação será decisiva para qualquer mudança de localização. O processo é complexo e, ao que parece, a mudança terá que esperar.

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