Combater a exclusão

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Quando um renomado desembargador, membro do Tribunal de Justiça e da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, e uma conhecidíssima ativista dos direitos sociais, que também foi secretária estadual da Justiça, se dispõem a falar, o mínimo que podemos fazer é escutá-los. Quando ambos colocam o dedo na ferida e apontam as fragilidades do Estado de Direito na sociedade brasileira, o mínimo que nos cabe é procurar entender uma realidade que coloca milhões de cidadãos à margem da sociedade.
Quando pessoas como o desembargador Antonio Carlos Malheiros e a ex-secretária de Justiça, Eunice de Jesus Prudente, cobram, não só do Estado – a quem chamam de pai ausente -, mas também da sociedade civil, posições ativas em defesa de uma cidadania a ser resgatada, não mais podemos minimamente escutar ou demonstrar apenas indignação.
Ao ouví-los, talvez seja necessário perguntar a nós mesmo: será esta a hora de agirmos? A atenta leitura e interpretação da série sobre exclusão social, iniciada na edição passada deste jornal nos leva a crer que sim.
Diante de uma realidade concreta, onde, como bem lembra a professora Eunice de Jesus Prudente, nos deparamos com duas Lapa – uma abastada e outra desnuda – somos chamados, de fato, a agir enquanto cidadãos e/ou profissionais.
Talvez seja esse o momento mais adequado para uma firme tomada de posição. Afinal, estamos em época de eleição. Assim, valeria dizer, seguindo o pensamento do desembargador e da ex-secretária de Justiça, que não podemos mais conviver e aceitar um Estado que se apresenta como pai ausente e arrogante, que só sabe punir, concretando vãos livres, emparedando prostíbulos, removendo caixotes, derrubando barracos sem, contudo, indicar aos desnudos um horizonte cidadão conforme determina o artigo 5º da Constituição Federal.
Se o Estado Democrático de Direito pressupõe a participação ativa da sociedade civil organizada, parece razóavel propor a execução de um plano de inclusão social assinado coletivamente pelo associativismo regional, tanto o corporativo (comércio, indústria, mercado imobiliário, advocacia) quanto o não corporativo (Associações Amigos de Bairro e movimentos de cidadania). Seria uma forma de nos engajarmos na luta em defesa do desenvolvimento sustentável, dando vida a plano de trabalho conjunto, que combata o quadro regional das desigualdades sociais.

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