Reinserção política

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A velha-guarda do associativismo regional da Lapa e bairros vizinhos ainda tem viva na memória as lembranças dos anos 50 até a década de 80, época em que se respirava e se transpirava política no dia a dia comunitário. Foi o tempo em que fazer política significava defender posições firmes e acaloradas no ademarismo, janismo, UDN, Partidão, na Arena ou no MDB.
Via de regra, o engajamento comunitário (Associações Amigos de Bairro e entidades corporativas) no mundo político teve como reflexos importantes conquistas: viadutos, iluminação, saneamento, equipamentos esportivos, etc.
Retratos dessa época estão bem guardados na sede da Associação Amigos de Vila Ipojuca. Nas paredes do grande salão da entidade, uma galeria de fotos mostra a comunidade lado a lado com expoentes da política nacional (Jânio Quadros, Ademar de Barros, Maluf, Montoro, Covas, entre outros). Quase sempre, o pano de fundo desse valioso álbum fotográfico são obras de infra-estrutura, num claro sinal de que o engajamento político se traduzia em benefícios para o crescimento local.
Hoje, a região da Lapa vive o marasmo político. Num debate promovido pelo Movimento Nossa São Paulo, o escritor e religioso dominicano Frei Betto, fez a seguinte observação: “Vocês sabem por que a elite brasileira não vai à porta do Palácio do Planalto fazer manifestação, com bandeiras e bonés? Porque ela tem a chave do Palácio. Essa elite chega com seus projetos de lei prontos para entregar aos políticos que, ou por incompetência, ou por não ter uma boa assessoria, ou simplesmente para manter a situação como está, levam esses projetos prontos para votação. Se é assim que a coisa funciona, então temos nós também que aprender a escrever projetos de lei e a fazer política pública”.
E vem da Lapa um exemplo que se aproxima da proposta de Frei Betto. Movimentos em defesa de um crescimento urbano sustentável (Mover e Defenda São Paulo) apresentam para subscrição das entidades comunitárias o manifesto “Uma cidade para se Viver”. Ele será entregue aos candidatos a prefeito. Trata-se de uma série de considerações e reivindicações em relação ao crescimento dos bairros da gente. É um tipo de ação que nos incentiva a buscar a tão necessária reinserção na arena política. Seria oportuno que o associativismo regional também se preocupasse em elaborar o seu manifesto cidadão, de modo a apresentá-lo aos que pleiteiam a governar a cidade pelos próximos quatro anos.

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