O medo de ficar com as torneiras secas é grande, mesmo assim o que mais se vê é o desperdício de água em meio à maior crise hídrica dos últimos 80 anos. Tem gente que ainda acredita que o recurso nunca vai acabar. Engano. A gerente de relações com clientes da Sabesp na região Metropolitana, Samanta Souza, fez questão de lembrar que a água não é infinita durante o Café com a Comunidade realizado na quinta-feira pela Página Editora e Jornal da Gente com apoio do Portal Tudoeste e os parceiros ACM-Lapa e Yano Gastronomia.
Como disse Samanta, nós brasileiros estamos acostumados à abundância de recursos, daí a cultura de alto consumo e desperdício. São consumidos 220 litros de água por habitante/dia e precisamos de 110 litros para suprir todas as nossas necessidades. Ou seja, podemos reduzir o consumo e prolongar o recurso natural por mais tempo. “Quando extrapolamos esse resultado para os condomínios verticais, a média de consumo é de 300 litros por habitante/dia, lembrando que na região Metropolitana de São Paulo dois terços da população mora em condomínios verticais”, afirmou a especialista.
A maior dificuldade para adesão a campanha de redução de consumo, segundo a gerente, está nos condomínios, principalmente os de alto padrão. “Na primeira década de 2000, Barcelona passou por uma crise hídrica muito forte, a época eles consumiam em média por 135 litros habitante/dia, fizeram diversas ações, 90% delas muito semelhantes as que a Sabesp tem feito aqui hoje. Depois dessa crise em Barcelona, chegou-se a 105 litros e em algumas regiões de 95 litros por habitante/dia. A gente percebe que existe um problema de cultura e precisamos mudar nossa relação com a água. Neste momento (de crise) a gente acaba refletindo e notando que pequenas mudanças são necessárias”.
Além do programa de bônus em conta, investir em obras, campanha contra vazamentos, redução de pressão no período noturno e de conscientização do consumidor para economia, a gerente explicou que as ações da Sabesp resultaram numa economia que equivale a um rodízio de dois dias com água e quatro sem água. Se tivesse o racionamento, disse Samanta, a água não chegaria às zonas mais altas prejudicando parte da população. Com as ações, a companhia reduziu 9m³ por segundo sem impactar na rotina da população. Como afirmou a gerente, neste momento de crise a gente acaba refletindo e notando que pequenas mudanças são necessárias para reduzir o consumo. É preciso cobrar as obras do governo, rezar para chover, mas também fazer nossa parte para não correr o risco de ficar sem um espelho d’ água para refletir.