É mais do que oportuna a campanha “Cansei”, capitaneada pela OAB-SP, cujo objetivo é resgatar a cidadania e cobrar do poder público atitudes concretas. A iniciativa quer que os brasileiros voltem a ter a capacidade de se indignar e, sobretudo agir, frente a situações inaceitáveis como crises na área do transportes, balas perdidas que matam inocentes, carga tributária em excesso, a existência de empresários corruptores, entre tantas outras coisas que merecem ser repudiadas.
No contexto dos bairros da gente existem motivos de sobra para nos engajarmos na campanha “Cansei”. O JG adere à campanha da OAB e, a partir desta semana, destaca fatos diante do qual cada um de nós tem o dever de se posicionar dizendo: “Cansei”. Para focarmos numa reportagem publicada nesta edição, podemos começar pela inoperância dos Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs) da nossa região, em particular os da Lapa e Leopoldina.
Cansamos, enquanto comunidade, de Consegs dirigidos por pessoas que, entra ano, sai ano, são incapazes de formular e concretizar propostas efetivas no campo da segurança pública, conforme determina a lei que regulamenta tais Conselhos. Estamos cansados de sermos convocados para plenárias destinadas a serem apenas um “muro das lamentações”, sem nada a acrescentar no campo do planejamento de ações comunitárias que tornem mais seguros e humanos os bairros onde moramos e/ou trabalhamos.
Precisamos dizer aos comandos da segurança (civil e militar) que a democracia é incompatível com ações do tipo “dois pesos, duas medidas”. Se no passado recente, a diretoria de um Conseg da região foi afastada exatamente por deixar de cumprir o que a lei determinava, é necessário exigir igual rigor quando sabemos que desde dezembro as atas do Conseg Leopoldina, que deveriam conter as demandas comunitárias, sequer foram enviadas, como determina a legislação, ao conhecimento da Secretaria de Segurança Pública. Tamanha omissão transforma tal Conseg numa grande farsa, num deplorável engodo, que só nos deixa ainda mais cansados.
Mas a campanha da OAB não se limita a propor que manifestemos a nossa insatisfação. Ela nos convida a agir concretamente afim de construirmos a tão desejada cidadania. Nada melhor, no campo da segurança pública, que, a partir de agora, tomemos em nossas mãos os Consegs, tornando-os efetivamente instrumentos de ação comunitária.