“Na liberdade de imprensa está o caminho para a conquista de todas as liberdades individuais”. No momento em que uma bomba de fabricação caseira explode na sede deste Jornal da Gente, nada mais apropriado do que colocar em evidência essa frase de Barbosa Lima Sobrinho, um dos ícones da imprensa brasileira. Ela serviu para que todos os profissionais que aqui trabalham refletissem sobre o que, de fato, significa o papel desta publicação no contexto da vida comunitária nos bairros da Lapa, Leopoldina e Jaguaré. Diretoria e funcionários fazem questão de deixar claro que existe uma forte e única percepção dos fatos: o extremado ato de violência, mais do que um atentado a uma empresa, que pratica o jornalismo de forma ética e responsável, é um tiro dado contra as comunidades locais, que encontram neste jornal o espaço livre e democrático para a discussão de problemas e apresentação de soluções. Em outras palavras, qualificamos esse episódio como um atentado à cidadania.
As manifestações de solidariedade recebidas das instituições que fazem e atuam no cotidiano dos bairros mostram que o jornal coleciona amizades sinceras, capazes de reconhecer o valor da proposta editorial defendida por esta publicação. Ao decidirmos colocar em primeiro plano os reais interesses comunitá- rios, adotamos um posicionamento que não abre mão em ouvir o contraditório. A pluralidade de pensamentos é e continuará sempre a ser respeitada nas páginas desse jornal. Temos a convicção de que em torno desse debate de idéias, onde prós e contras são apresentados de maneira transparente aos leitores, é que reside o real valor da liberdade de expressão, sem a qual não se constrói uma sociedade efetivamente democrática.
Repudiamos, com veemência, esse ato de violência. A comunidade, por sua vez, diz não à tentativa de colocar uma mordaça nas suas inúmeras e diferentes vozes, que, semanalmente, nestas páginas se manifestam, tornando públicas suas ações, anseios e reivindicações.
A divergência de opiniões, numa sociedade organizada e civilizada, jamais pode se dar no terreno da agressão, seja ela física ou moral. Nada se constrói no terreno da intolerância.Posta essa premissa, continuaremos firmes na nossa missão: usar o livre pensar para conquistar a verdadeira liberdade e a plena cidadania. Por fim lembramos que uma verdadeira democracia não se constrói em torno da unanimidade e sim do consenso.